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Ansiedade em crianças: como lidar com as sequelas da pandemia?

Ninhos do Brasil NB
sex, 13/08/2021 - 10:30
Na imagem, há um homem e uma criança. O homem usa casaco jeans e relógio. Ele está abraçado com uma criança, por trás, e os dois estão de mãos dadas, uma forma de acalmar a ansiedade em crianças. A menina usa blusa listrada e flores brancas no cabelo

A pandemia nem acabou, e mesmo as pessoas que não contraíram COVID-19 enfrentam algumas sequelas deste período. Tanto tempo em casa, longe de familiares, amigos e escola mexeu com a saúde mental de muitas pessoas, incluindo as crianças.

Por mais aguardada que seja – e também por isso – a retomada pode despertar sintomas de ansiedade nos pequenos. Além da expectativa de rever pessoas, pode haver a insegurança diante dos protocolos, ou mesmo uma vontade de não sair. Vamos falar sobre isso:

Síndrome da gaiola: nossos filhos estão com medo de voar do ninho?

“Eba! Vou voltar pra escola!”. Essa era a reação imaginada para crianças depois de tanto tempo em ensino remoto ou híbrido. Na maioria dos casos, é exatamente assim! Saem correndo e os adultos que lutem para lembrá-las de usar a máscara, higienizar as mãos etc.

Mas nem todo mundo reage com tanta euforia. Mesmo crianças e adolescentes podem ficar inseguros em retomar contatos e hábitos depois do longo período. Algumas crianças acabam preferindo não retornar às atividades presenciais e continuar em casa.

Quando a escola reabriu 3 vezes por semana (para alternar a turma), Mateus voltou, mas sem o mesmo ânimo dos coleguinhas. “Todos os dias era uma dificuldade tirá-lo de casa. Reclamava que lá era chato, que não dava pra comer na hora que ele quisesse, e que as outras crianças não usavam a máscara direito”, conta o pai, advogado, que não quis se identificar.

Nesse raciocínio, a casa é o local da segurança e conforto por excelência, enquanto a rua passou a ser – mais do que nunca – perigoso.

Esse comportamento está sendo chamado de “síndrome da gaiola”, uma comparação com os pássaros que crescem em cativeiro e que, quando a gaiola é aberta, preferem continuar dentro dela. O sentimento é ainda mais comum entre crianças e jovens que já eram mais tímidos ou ansiosos antes.

“A escola é chata. Ficar em casa é mais legal”. Mateus*, 6 anos.

A professora contou aos pais que Mateus era o único que não precisava ser orientado sobre os cuidados. Sabia tudo o que tinha que fazer: lavava as mãos, usava a máscara, mas não raro, se irritava como os colegas que insistiam em mais aproximação.

Os pais logo entenderam: além do cuidado extremo, que percebia na família e reproduzia, em casa ele podia ter acesso aos eletrônicos quase o tempo inteiro, comia o que queria e era menos confrontado e desafiado.

Mas entender o problema não significa saber solucioná-lo. “Tentamos reduzir o tempo de tela, melhorar a rotina alimentar. Mas nem sempre temos tempo e energia para lidar e acolher as suas fúrias. Tem dias que a gente consegue, mas tem outros dias em que estamos exaustos mesmo, entrego o celular e deixo jogar”, admite a mãe.

Leia também: como a pandemia impactou a saúde mental das mães

Mais de 9 horas por dia em eletrônicos – sem contar as aulas online

Apesar da recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ser de no máximo 3 horas de telas por dia para adolescentes, a realidade do último ano fez a média chegar a 9 horas diárias em eletrônicos, sem contar as aulas online.

O número foi constatado pelo estudo Jovens na Pandemia, conduzido pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, que ouviu mais de 8 mil famílias com crianças e jovens de 5 a 17 anos de idade.

Na família de Mateus não foi muito diferente. Enquanto os pais trabalhavam, Mateus se revezava entre televisão, celular e computador. “Nos primeiros meses, a luta era para conseguir trabalhar, porque ele interrompia muito pedindo para brincar; depois passou a ser para ele largar a tela e aproveitar com a gente os momentos de intervalo, porque ele queria seguir jogando ou vendo vídeos; agora, é tentar retomar um pouco do equilíbrio – mas não está fácil”, conta a mãe.

Leia mais sobre os efeitos da pandemia e do isolamento social na saúde mental das crianças

Recomendações da SBP sobre tempo máximo de telas
até 2 anos de idade: não é recomendável a exposição a telas
2 a 5 anos: uma hora por dia
6 a 10 anos: duas horas por dia (com supervisão de adultos)
para os mais velhos: três horas por dia
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria

O excesso de tempo na tela pode estar associado a quadros de ansiedade ou de depressão. Mas a relação de causa e efeito não é tão simples ou direta.

Segundo artigo publicado pela Unicef, outros fatores, como o apoio dos pais, relações afetivas e familiares ou experiências adversas na infância têm um impacto na saúde mental infantil muito mais significativo do que o tempo de tela em si.

Além disso, as telas também tiveram um impacto positivo no período: permitiram contato com familiares e amigos, além de aulas e até orientações de atividades físicas.

Leia também o artigo de Flávia Valadares: O excesso de tempo de tela faz mal para o cérebro da criança?

Então, queridos pais e mãe, menos culpa! Não estamos sozinhos, e juntos vamos encontrar o equilíbrio.

Como ajudar as crianças na retomada das aulas presenciais

Se seu filho ou filha apresentou sintomas de depressão, ansiedade ou da “síndrome da gaiola” que falamos neste texto, algumas atitudes podem ajudar a prepará-lo para a retomada. Vamos ver como?

Saiba reconhecer os sinais: a ansiedade e a depressão podem se manifestar de diversas formas, como, por exemplo, mudanças nos padrões de sono, distúrbios alimentares, instabilidades no humor ou alterações nos padrões de comportamento, irritabilidade ou desânimo ou surgimento de cacoetes e manias.

Avançar aos poucos: Se a criança/adolescente sente medo, é preciso respeitar seus limites, ouvir e acolher. Por isso, não devemos forçar a retomada simples de como era antes. É preciso avançar um degrau por dia até conseguir retomar as atividades. Busque apoio de psicólogos ou da escola, para ajudar nesse novo voo.

Conversar muito: Tentar retomar a esperança com o avanço da vacinação, estimulando a manutenção dos cuidados, mas de forma mais natural. Lembre-se: os bons hábitos de higiene devem ser uma rotina e não uma preocupação.É confuso para nós, adultos, também, é importante sermos sinceros sobre as nossas próprias inseguranças, mas vale enfatizar a importância da socialização também para a saúde mental.

“Detox” de tela gradual: vale para os adultos também! Em vez de proibir, oferecer aos poucos atividades prazerosas em família, sem eletrônicos. Dê exemplo e busque hobbies em casa que não envolvam o celular. Não precisa demonizar as telas, pode ir mostrando formas positivas de utilizá-las.

Atividades físicas: mexer o corpo faz bem também para a mente, sabemos. Vale dançar, pular. Se conseguir proporcionar atividades ao ar livre, melhor ainda: caminhar pelo bairro, ir ao parque ou a locais amplos sem tanta gente. Normalizar os cuidados com a máscara e o álcool, para preparar para o tão falado “novo normal”.

E calma! A retomada é gradual também para adultos. Se achar que a mudança de atitudes não está funcionando, é importante buscar serviços de apoio psicológico e também da escola.

E não tenha receio de procurar apoio para você também! Família que se cuida unida = ninho feliz 🐤💛.

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