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No meu tempo, no nosso tempo: brincadeiras que unem gerações

Beto Bigatti BB
qui, 13/10/2022 - 10:00
criança joga amarelinha no pátio da escola, números desenhados no chão na cor branca. dia ensolarado

Que delícia é poder buscar meu caçula na escola a pé. Coisa de antigamente. Prazeres que a gente conseguiu manter mesmo vivendo numa avenida movimentada de uma grande cidade. E há alguns dias, uma surpresa: pintaram um jogo de amarelinha em uma das calçadas do nosso asfaltado caminho diário!

Engraçado foi ver a cara de espanto do meu filho quando sai pulando, uma perna, duas pernas, alternando entre os números até chegar no “céu”, o fim da brincadeira.

Com um sorriso de orelha a orelha, mas não acreditando no que via, indagou com a surpresa natural dos pequenos que ainda não entendem que as coisas já existiam antes deles: “Você conhece amarelinha?”.

As coisas do meu tempo

Para se ter ideia, ele já me perguntou se as coisas reais (os carros, a paisagem, nossas roupas) eram preto e branco “no meu tempo”. Assim como ele ouviu falar que foi a televisão. Essa é a noção embaralhada que os filhos têm em relação ao tempo. E à nossa idade.

Por isso a surpresa ao me ver pulando amarelinha. No resto da nossa caminhada, aproveitei para listar mais alguns jogos e brincadeiras que fizeram parte da minha infância e passam de geração em geração.

Bolinhas de gude, pega-pega e esconder eram as minhas preferidas. Ao que ele me respondeu: “pega-pega é tipo “pega-pega caçador”?”. Sim, ao que tudo indica, atualizaram o nome e algumas regras, mas as risadas que eu dava na infância são as mesmas que você dá hoje no seu recreio.

Pular corda, Passa anel, Cinco Marias, Taco, Telefone sem fio, Bobinho, Gato mia (“sim, guri, é tipo Marco Polo”), Stop, Detetive, Bexiguinha, Mestre Mandou, Corrida do Saco, soltar pipa, Pedra, papel, tesoura, Cabra-cega. A relação de jogos e brincadeiras era imensa!

Para viajar no tempo:

A felicidade pode ser simples

À medida em que íamos lembrando de outros jogos, mais admirados ficávamos. Não tinha ideia de desde quando se brincava de Cabra-cega, mas imaginar que meus netos provavelmente conhecerão essas brincadeiras é intrigante. 

Arrisco um palpite para a longevidade desses jogos: todos têm a simplicidade em comum. Não precisam de pilhas, nem de longos manuais. Muito menos de Wi-Fi. Basta um punhado de crianças, uma pitada de alegria e a poeira levanta do chão.

Nossa conversa foi interrompida pela hora do banho. Mas não sem antes eu prometer que um dia faremos a Corrida do Saco. 

Para saber mais:

Brincadeiras como portal entre gerações

Essa viagem idílica no tempo me levou a pensar no quanto todo esse elenco de jogos e brincadeiras têm um papel relevante na relação com nossos filhos e até na deles com seus avós. Funcionam como um “portal” para a troca de vivências e geração de vínculos. 

Um avô pode falar da época dos bondes. Pode relatar as artes que fazia subindo no veículo em movimento.

Dos tombos que levou e das carraspanas que recebeu de seu pai por conta disso. O neto pode se interessar, dar risada do vovô arteiro, mas nunca terá a oportunidade de vivenciar a fala do avô.

Exatamente o oposto do que acontece quando o mesmo avô conta suas estripulias como um exímio jogador de taco. “O melhor da Rua da Bandeira!”. Com sorte, você, seu filho e seu pai poderão brincar juntos com seus jogos favoritos. 

Entende? Acontece aqui uma união de gerações. Uma língua comum. Dialeto que perpassa a linha do tempo e une corações brincalhões de diferentes épocas. 

Um fio condutor atávico. Pode parecer exagero, mas talvez este seja o papel das brincadeiras que passam de geração em geração. Porque voam as décadas, mas uma coisa não se altera. A inocência da infância segue presente. Por mais que incluam ferramentas tecnológicas que as distanciem do barro da rua, seus olhinhos ainda brilham quando descobrem as brincadeiras mais simples.

A expressão “no meu tempo” deixa de fazer sentido, porque até hoje (o nosso tempo) ninguém faz um pé de lata com latas de leite em pó vazias tão bom como o meu! Dúvida? Então bora fazermos juntos! 

Para soltar a criatividade:

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