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em fase de crescimento.

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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Contra o machismo e pelo afeto: uma nova geração de pais

Beto Bigatti BB
qui, 17/11/2022 - 10:00
Homem e criança colocando roupas na máquina de lavar.

Como lutar contra o machismo em meio a uma sociedade ainda machista? A resposta não é simples, mas também não queremos complicar demais. 

Você já escutou a máxima “para obter resultados diferentes são necessárias atitudes diferentes”? Pois bem, a cada dia que passa tenho mais certeza de que esta citação foi feita especialmente para a paternidade. Explico:

É mudando atitudes do dia a dia que construímos resultados diferentes. Ou seja: nós, como pais, podemos (e devemos) lutar contra o machismo – a começar por eliminar atitudes machistas.

Vejamos: a história está repleta de relatos sobre ausência paterna. Cada um de nós conhece alguém largado à deriva pelo próprio pai. Vivemos, então, em uma sociedade de mães solo. Filmes, livros e séries estão recheados de personagens homens que simplesmente se negaram a assumir sua responsabilidade paterna. A arte imita a vida.

Cada uma dessas histórias deixa marcas, que vão além das cicatrizes individuais, tão difíceis de curar. Esse comportamento tem o efeito colateral de perpetuar o machismo na sociedade, ao atribuir apenas às mulheres a função de cuidar das crianças. 

Porém, trago uma boa nova. Talvez sejamos a primeira geração a repensar esse fluxo de abandono paterno, que parecia tão natural. Vamos colocar em prática?

Paternidade em reconstrução

Todo movimento inicia tímido. Este não é diferente. Mas hoje reformulo minha afirmação para: cada um de nós conhece um pai presente que faz a sua parte, que é efetivamente pai do seu filho. E não um pai bissexto ou mesmo um pai ausente dentro de casa.  

Muitos chamam de “paizão” ou “superpai”. Eu prefiro que sejam vistos apenas como “pais”. 

E o que esses homens fizeram para que essa transformação fosse viável?

Para mim, há uma grande virada de chave catalisadora dessa mudança. O homem só consegue entender seu verdadeiro papel como pai quando transcende ao personagem de outrora. 

Como isso acontece?

Quando o homem deixa de se ver apenas como o provedor, que chega do trabalho e é servido pela esposa. Quando arranca a fantasia de homem temido pelos filhos, o grande autoritário da família.

O homem se transforma no instante em que quebra a crença machista de que afeto e cuidado são coisas de mulher, tarefas da mãe. Rompe-se nesse momento a barreira tóxica erguida por séculos assim que o homem se percebe humano, falho e imperfeito. 

Afeto contra o machismo

Não há paternidade sem afeto. Não há afeto com machismo. São vivências antagônicas. O pai presente é o homem que entendeu esse antagonismo e optou pelo melhor para ele e para sua família. 

Perceba: todos nós podemos ser machistas em algum momento, sem perceber. Lembro da primeira licença para cuidar do nosso bebê com bronquiolite. Mesmo com toda minha fala (e conduta) antimachista, me vi achando natural que a mãe ficasse em casa e não eu. Por isso meu alerta, o importante é estarmos atentos e evoluirmos para a mudança.

Para que não sejamos exceção em nossos esforços, e que cuidados paternos sejam naturalizados. 

Porque um pai cuida, brinca, chora e sabe o nome de todas as professoras do filho. Um pai grita, educa e se comove em festas de final de ano na escola do filho. Um pai divide carga mental, carrega filho no colo e aprende com ele o tempo todo. Um pai erra, pede desculpas e dá exemplos de vulnerabilidade, sem se sentir ameaçado pela suavidade arrebatadora do afeto. 

Não nasci pensando assim. Por isso, compartilho algumas dicas que podem ajudar a mudar algumas atitudes de outros pais.

  • Conversar de forma honesta com os amigos que são pais
  • Ouvir as mães de verdade
  • Entender a carga mental que envolve a criação de filhos
  • Fazer terapia e não ter medo ou vergonha de se abrir

Em resumo, a construção de um pai passa pela abdicação do padrão machista vigente. 

Aliás, leia o que a cantora Negra Li escrever sobre o assunto:

Eu acredito neste movimento. Fluxo que espraia o amor. Confio que meus netos não ouvirão mais falar em “paternidade ativa”. Esse conceito estará ultrapassado. 

Pai será pai, vai exercer sua paternidade, assim como mãe é mãe e exerce sua maternidade. E ainda dirão “ué, mas e existe outro tipo de paternidade?”. Não, não existe mais, o vovô responderá orgulhoso.

E para quem está começando essa jornada agora, a desconstrução pode começar assim que recebe a notícia:

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