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Crianças agressivas se tornam adultos agressivos?

Flávia Valadares FV
qui, 08/07/2021 - 10:30
A relação com crianças agressivas é aqui representada pela imagem de uma mãe e uma filha sentadas de costas para foto. A mãe está falando algo para a criança.

Seu filho é agressivo? Suas emoções se manifestam por gritos, lágrimas, golpes e muitas vezes ele é violento? De repente, aquela criança doce, fofa e amável começa a morder, bater, puxar, beliscar, atirar, gritar e empurrar para expressar um desejo e uma vontade.

Você não gosta disso, eu entendo! Você se sente cansada, desamparada, às vezes magoada, humilhada? Os pais, nessas horas, se sentem incrédulos, com raiva e sem saber o que fazer. “Como o meu filho pode fazer isso? Como é que ele chegou nesse ponto? Onde eu errei?”

Muitas vezes, diante de tanta agressão, você acaba perdendo a paciência e fica com raiva, já não sabe mais como controlar essa violência. Você gostaria tanto que seu filho nunca fosse agressivo... Mas você sabe disso muito bem: na parentalidade, varinhas mágicas não existem!

Por que as crianças ficam agressivas?

Mas fique calma! Tem uma explicação para tudo isso. O comportamento violento das crianças, aquele que é usado para expressar as necessidades ou emoções, é temporário até que a criança aprenda a regular suas emoções e verbalizar os seus desejos. Ao contrário dos adultos, a violência de uma criança está ligada à sua incapacidade de controlar seu corpo e suas atitudes devido a falta de maturidade do seu cérebro.

A agressão é vista de forma negativa, não é um comportamento socialmente aceitável. No entanto, é um comportamento natural do ser humano e faz parte de um sistema antigo de defesa e sobrevivência: a agressão tem uma função. Todos os humanos têm uma agressividade no instinto e uma maneira de usá-la.

As crianças usam a agressividade com uma certa “falta de jeito” devido ao seu estágio de desenvolvimento. Elas vão ganhando controle sobre essa agressividade com o decorrer do tempo, à medida que ganham ferramentas e habilidades para regular seus comportamentos, sentimentos e pensamentos. Mas é um processo que leva tempo até que a criança se integre aos códigos sociais.

As crianças não têm capacidade de dar um passo para trás, se acalmar, ver a situação de outro ângulo, ver a atitude do outro de maneira diferente ou procurar soluções para os problemas de forma racional. Então, elas vão agir como conseguem.

Se todo e qualquer comportamento existe para atingir um objetivo, então podemos concluir que o comportamento não é o problema. Ele é um indício concreto de que tem algo errado acontecendo por trás dessa cena.

Se você entender as origens do comportamento vai ficar mais fácil agir de forma efetiva. Por exemplo, se uma árvore não está dando frutos, as primeiras coisas que preciso analisar são: se o solo foi regado, se foi adubado, se a terra foi afofada no período certo, se a árvore foi podada… Tudo isso para entender por que ela não está dando frutos da maneira esperada. Com as crianças é parecido, precisamos investigar o que está por trás desses comportamentos agressivos.

O comportamento agressivo é comum entre os 18 meses e os 3 anos de idade. Nessa fase, a criança não tem um bom controle sobre seus desejos e age sem pensar. Por exemplo, se uma criança vê um brinquedo que deseja, ela vai lá e pega de qualquer jeito, mesmo que esteja nas mãos de outra criança. Essa situação também pode gerar uma reação agressiva da criança que teve seu brinquedo tomado. E como as crianças nessa idade ainda não falam muito bem, elas batem, empurram ou mordem em vez de dizer "é meu" ou "é a minha vez".

Leia também: Os terríveis dois anos

Como fazer uma intervenção afetiva e firme diante de uma agressão?

Aprender a controlar as emoções não é fácil. Por volta dos 3 anos de idade, os comportamentos agressivos começam a diminuir, à medida que as crianças desenvolvem cada vez mais suas habilidades linguísticas e sociais. Mas ainda é difícil para criança ouvir não. É também nessa idade que as crianças se tornam mais conscientes do impacto de suas ações.

Estabeleça a regra: “Não machucamos os outros.”

Para a maioria das crianças, ser gentil com os amigos, animais de estimação e as pessoas em geral é algo que precisa ser ensinado.

Não responda à agressão com mais agressão

O comportamento agressivo, como qualquer outro comportamento, pode ser aprendido por meio da imitação ou observação dos pais. Portanto, é muito importante não responder ao comportamento violento com mais violência.

Lembre seu filho com frequência sobre o que é aceitável e o que não é

As crianças aprendem por meio da repetição. Por isso, é importante sempre repassar as regras de convivência. Se, por exemplo, você for ao parquinho, lembre a criança que é importante esperar a vez de usar um brinquedo e que não é aceitável empurrar outras crianças que estão na fila para passar na frente delas.

Conheça os gatilhos do seu filho

Algumas crianças agem de forma mais agressiva quando estão cansadas ou com fome. Outras, mostram um comportamento agressivo quando estão superestimuladas e não sabem onde concentrar sua energia.

Há também crianças que liberam essa agressividade quando estão lidando com uma situação estressante (mudança de escola, chegada do irmão mais novo ou após a mudança para uma nova casa).

Preste atenção às circunstâncias em que seu filho está um pouco mais agressivo e tente evitá-las ou fique pronta para segurar a mão de seu filho (literal e emocionalmente) quando essas situações surgirem. Ao antecipar qualquer comportamento potencialmente agressivo da criança, você pode impedi-lo antes que comece.

Fique calmo(a) e seja firme

A melhor reação é a mais desafiadora de se obter no calor do momento, mas funciona: reaja minimamente e diga: “filho, bater machuca”, “eu não posso permitir que você faça isso, porque vai se machucar”. Em seguida, redirecione a atenção de seu filho ou tire a criança rapidamente de cena. Ofereça, nessa hora, um caloroso abraço para estimular a produção de oxitocina (hormônio da felicidade). Se a criança não quiser, tudo bem. Cada ser humano tem sua própria forma de se acalmar.


Agora, respondendo à nossa primeira pergunta: crianças agressivas se tornam necessariamente adultos agressivos? Não. A violência que é expressada em um determinado momento por uma criança não representa o que ela é, não coloca um rótulo na sua personalidade como um todo.

Além disso, uma vez que você identifica as causas dessa agressão, geralmente são encontradas soluções para o comportamento violento. É preciso estar sempre atenta e buscar ajuda, se necessário.

A violência pode estar ligada a padrões de comportamento. Algumas crianças só aprenderam sobre violência porque convivem com ela na sua rotina. Para essas crianças, a agressividade é uma forma usual e aceitável de se responder a uma situação particular.

O comportamento violento pode surgir de muitas emoções com as quais a criança não consegue lidar. Por isso, não canso de dizer: seja sempre uma investigadora e tente entender o que está por trás de todo comportamento inadequado da criança.

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