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Infância feliz: qual é a importância das tradições familiares

Negra Li NL
qua, 21/07/2021 - 10:30
Negra Li, seu filho e sua filha sorriem uns para os outros, se divertindo, e representando a importância das tradições familiares.

Minha infância foi na Vila Brasilândia, um bairro pobre na Zona Noroeste de São Paulo. Fui uma criança feliz, apesar das dificuldades financeiras da minha família, e tenho muitas lembranças maravilhosas para serem guardadas para sempre com muito amor.

Quando paro para pensar nas tradições familiares que minha família tinha na infância, logo lembro do papel da igreja. Fui criada na igreja evangélica e frequentava a reunião de jovens e menores todos os domingos de manhã e às vezes acompanhava minha mãe algum dia da semana nos cultos à noite.

Eu gostava de ir às reuniões, apesar de às vezes fingir que estava dormindo para não ir, confesso! Mas sempre voltava dos cultos muito animada e trazia a palavra para minha mãe. Ela me perguntava o que eu tinha aprendido e que recado Deus tinha mandado.

Cresci seguindo essa doutrina até meus 15 anos. Depois, a curiosidade e vontade de viver coisas diferentes e ter experiências novas fez eu me afastar um pouco.

Conselhos de mãe e de pai que não são esquecidos!

Quando pensamos na importância da família para nosso desenvolvimento, logo lembramos de tudo o que nossos pais nos ensinaram. Seja dando o exemplo, como contei acima, seja dando conselhos e lições de vida.

Lembro da gente sentado à mesa, falando sobre todos os assuntos e aquilo ficou na minha mente. Inclusive, foi em momentos assim que ouvi muitos conselhos do meu pai. Lembro da sensação até hoje de ficar muito atenta ao que meu pai dizia, como se ele fosse um guru. Eu sabia que aqueles conselhos valiam ouro. Que respeito eu tinha... E, ao mesmo tempo, que medo, porque ele tinha a cara de bravo – e de fato era, na maioria das vezes.

Um dos conselhos que meu pai me deu foi “valorize sua liberdade, a liberdade é o bem mais precioso que um homem tem”. E foi esse conselho que usei numa letra de música chamada “ninguém pode me impedir”. O trecho da música ficou assim: (Eu sei que não é tudo que eu posso mudar, mas eu não vou deixar, não posso deixar de ser livre, já não existe escravidão não me oprime).

Bem, meu pai também disse uma vez que eu teria que me casar com um homem que fosse mais estudado que eu. Confesso que até hoje não entendi muito por que ele pensava assim. Provavelmente fruto de um pensamento um pouco machista. Infelizmente, meu pai se viciou em bebida e cigarro e morreu quando eu tinha 19 anos, de cirrose hepática.

Já minha mãe sempre foi uma super-mulher, dava conta de tudo, trabalhava fora e trazia, por muitos anos, o sustento da família. Em casa, também era impecável! Cozinhava como ninguém e mantinha todo cuidado da casa praticamente sozinha.

Crente fervorosa que sempre foi e é até hoje, coloca Deus à frente de tudo que fala ou faz. E também é divertidíssima. É impossível não rir com ela e sempre foi assim: até mesmo nos momentos em que ela brigava com a gente, o fazia de forma tão caricata e engraçada que, ao invés de chorar, ríamos.

Ela também me dava muitos conselhos e conselhos de mãe não são esquecidos! Lembro de três em específico:

  • “Tudo o que é demais dá ruim”, como por exemplo frequentar muito a casa de alguém.
  • “Olha para trás”, no sentido de pensar no próximo.
  • E “não minta! O diabo é o pai da mentira”.

Levei tudo isso para a vida!

Infância com menos eletrônicos

Passei minha infância toda sem TV. Nossa primeira televisão em casa veio quando eu tinha 12 anos. Telefone em casa nunca tivemos porque isso era luxo na época.

A parte boa é que, sem muitas distrações eletrônicas, minha infância foi regada a muitas brincadeiras como amarelinha, carrinho de rolemã, cartas, bolinhas de gude, esconde-esconde, pega-pega e usava muito – mas muito mesmo! – a imaginação. Que delícia e que diferença de hoje em dia...

Eu tento ao máximo incentivar meus filhos a brincarem muito. Um dia desses, fui numa loja grande de esporte, comprei uma bicicleta para cada um e um kit de yoga para mim. Foi uma alegria chegar, montar e brincarmos juntos. Vale a pena!

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Parentalidade real é assim: imperfeita, mas cheia de amor!

Contei um pouco da minha história no início para me lembrar do quanto foi importante cada palavra e ensinamento dos meus pais. Pais não são perfeitos, mas o amor que sentem pelos filhos faz com que eles se esforcem ao máximo para ensinar e preparar os filhos para que sofram o menos possível neste mundo tão cheio de armadilhas, tentações e provações.

Por isso é importante falar dessa parentalidade (ou seja, a condição de ser pai ou mãe) real. Com imperfeições, mas com muito amor. Como disse, mesmo com as provações da infância, lembro das tradições de família com muito carinho e tenho certeza que aprendi muito!

Eu tento replicar os momentos que tínhamos em família até hoje, que era quando todos se sentavam à mesa. Então, em casa, pelo menos uma refeição por dia fazemos juntos à mesa e aproveito esse momento para contar para eles curiosidades da minha infância, do meu dia, tirar dúvidas e ouvi-los contar as novidades do dia deles e curiosidades.

Antes de comer, eles aprenderam com o pai deles a dizer “glória a Deus pelo alimento”. Também falamos “eu te amo” todos os dias. E até o Noah, que ainda vai fazer quatro anos, faz isso com naturalidade, como se fosse um bom dia.

Minha infância foi diferente. Eu não aprendi esses hábitos com meus pais – que obviamente diziam que me amavam, mas não com tanta frequência. Abraços e beijos eu também não recebia todos os dias, mas faço com meus filhos.

O importante mesmo é a gente levar para a vida os ensinamentos que fazem a gente se sentir mais unidos, mais amados, levar de geração em geração para que a gente mantenha acesa a presença dos nossos entes queridos que já se foram.

Criar uma família é uma tarefa difícil, especialmente no mundo de hoje, mas também é muito gratificante.

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