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Para mães e pais 
em fase de crescimento.

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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Quando o filho é quem ensina

Ninhos do Brasil NB
qui, 04/05/2023 - 10:00
Mulher negra de cabelo preto vestindo uma roupa vermelha abraçando seu filho negro que veste uma roupa listrada com detalhes marrom claro e branco, no fundo um lago e árvores em volta.

A história que vamos contar a seguir tem de tudo – desafios, reviravoltas e vitórias – só não tem um ponto final, porque ainda está sendo escrita por mãe e filho.

Sandra (48) e Damião (17) ficaram conhecidos há alguns anos graças ao gesto do filho, que, enquanto se alfabetizava, decidiu ensinar a mãe a também escrever.

Você, cuidadora ou cuidador, que apresenta para a criança as primeiras junções de letras, depois as palavras e as frases, consegue se imaginar no lugar de aprendiz?

A jornada de Sandra e Damião é um exemplo de que, sim, há muito o que aprender com os pequenos.

O conto nem sempre foi feliz

Sandra foi abandonada ainda criança, e, todas as vezes que tentou procurar sua mãe, foi rejeitada. “Se mães existem para amparar os filhos, por que eu não recebo esse amor?”, pensava.

Ela viveu o trabalho infantil (o que a impediu de ir à escola) casou-se ainda menina, sofreu violência doméstica, passou fome e perdeu alguns filhos. Sendo analfabeta, não conseguia sequer prestar queixas das agressões. 

Se algumas mães já têm dificuldade em pedir ajuda, imagina dizer “lê isso pra mim?” toda vez que precisasse chegar em algum lugar?

Quando pôde tirar sua carteira de identidade, teve a impressão digital estampada, em vez da assinatura. 

Foi nesse ponto da história, vendo sua mãe sentir muita vergonha, que Damião decidiu que, assim que aprendesse a ler e escrever, iria ensiná-la a escrever seu próprio nome.

Virando a página

De mãozinha dada, Damião começou a lecionar o que aprendia na escola para Sandra.

Em entrevista à BBC, ela contou que a volta do menino para casa era o ponto alto do dia. Por mais que estivesse cansada do trabalho como catadora de materiais recicláveis, ela se empenhava em aprender a ler.

Damião começou a ensinar as letras do nome dele e do dela, e, depois, encontrando maneiras de tirar as dúvidas da mãe.

Foi um bê-a-bá como os professores fazem na alfabetização: o “h” é uma cadeirinha, o “b” é um “l” com barriga, e assim por diante.  

Sandra aprendeu a assinar seu nome, tirou outra carteira de identidade e se enche de orgulho quando escreve “mãe” nas reuniões da escola do filho. Aos poucos, está enriquecendo seu vocabulário, com as centenas de livros que já leu com Damião até hoje.

Sonhos para os próximos capítulos

Os desejos de Sandra e Damião estão se cumprindo aos poucos: ela matou a vontade de comer fast food e fazer uma escova progressiva no cabelo, e ele a de comer donuts.

Ela também pretende juntar dinheiro para levar os outros filhos (dois homens mais velhos e uma menina mais nova) para passear e conhecer outros lugares além de onde nasceram.

Damião, hoje com 17 anos, sonha em cursar medicina veterinária.

O melhor da história

A narrativa de Sandra e Damião desperta grandes aprendizados, de que podemos aprender com nossos filhos e crianças e que nunca é tarde para alcançar objetivos (afinal, a maternidade às vezes implica pausas e abdicações)..

Na ponta do lápis podem até faltar palavras, mas o amor de mãe sempre encontra uma maneira de se expressar.

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