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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

“O segundo filho é mais fácil”. Será mesmo?

Beto Bigatti BB
sex, 28/10/2022 - 10:00
a foto mostra uma criança beijando a cabeça de um bebê que está no colo de uma mulher

Esperando o segundo filho, eu e minha esposa repetimos durante toda a gestação a seguinte ladainha: com a gente será diferente.

Sim, porque todos amigos nos contavam (mesmo quando ninguém havia perguntado) as peripécias do segundo filho.

“Ah, se o primogênito era calminho, o segundo seria uma peste”. “O mano não deu trabalho? Esperem nascer o segundo!”

Nosso primeiro filho realmente tinha dado pouquíssimo trabalho. Fora as idas à emergência do hospital por conta dos sintomas que o frio aqui do sul do Brasil causa em qualquer bebê, a verdade é que fomos pais de primeira viagem muito sortudos. Poucos perrengues para contar.

“Então imagina o segundo filho!”, diziam.

Mas minha esposa e eu tínhamos uma crença: mesmos pais, mesma casa, mesma educação, além do fato de sermos tranquilos, óbvio que o bebê 2 seria sereno como o mano.

Escutávamos tudo o que nos falavam com uma pontinha de superioridade. “Com a gente será diferente”, pensávamos em silêncio. Nosso primogênito já tinha 7 anos! Sabíamos tudo para acertar mais uma vez, pensávamos com uma boa dose de arrogância.

Bem, levou mais ou menos sete meses após o caçula chegar para eu entender que o pai do primeiro filho não tinha a menor serventia para o segundo que havia nascido lá em fevereiro.

Era quase outubro quando não tinha mais o que fazer. Eu era oficialmente um péssimo pai. Todas as fórmulas que usamos para educar um não funcionavam com o outro. Nossos 7 anos de experiência pareciam não servir de nada.

Segundo filho, um novo pai

Quando o mais velho chorava por alguma frustração, bastava sentar do ladinho dele e dar um abraço apertado que ele ia se acalmando. Depois conversávamos e em dois minutos já estava serelepe pela casa. Corta para o segundo filho: chorando porque algo deu errado, me abaixo para abraçá-lo. Fúria, raiva, joga o brinquedo longe, quase acerta na minha cara. Abraço nessa hora nem pensar, só colocaria mais lenha na fogueira.

No momento das conversas difíceis, a mesma diferença. Mesmo quando não gostava do rumo da prosa, o mais velho entendia nossas razões para aquele papo. Tinha argumentos razoáveis e, até em dias mais tensos, encerrávamos a discussão com entendimento. Novamente a diferença: nosso segundo filho traz argumentos para qualquer tópico da conversa. E quando não tem mais o que dizer, não é raro uma porta batida ou uma desabafo do tipo "tu é o pior pai do mundo!".

Meu abraço e voz serena, que até pouco tempo atrás eram elixir calmante para o primogênito, agora são pólvora para a caçula, que, não, não é um “pestinha” nem nada fora do habitual.

Porém, entendi com o tempo que cada filho efetivamente é de um jeito. Responde aos mesmos estímulos de formas diversas. E mais do que isso: cada filho precisa de um pai diferente.

Mesmos ingredientes, receitas diferentes

Caiu a ficha: amor, presença, afeto, limites… todos os ingredientes estavam à disposição dos dois, mas a combinação, o modo de preparo e o tempo de forno de cada um eram bem diferentes.

Ou seja, ter uma bagagem, já ter passado por inúmeras situações e ter aprendido o que é o melhor para um filho, não garante que seguiremos sem turbulência no voo paterno.

Afinal de contas, são duas pessoinhas diferentes, com necessidades próprias.

Foi com essa clareza que conseguimos ajustar o tempo. A sintonia fina se fez (assim como já estava consolidada com o mais velho) quando entendemos e respeitamos os tempos de cada um dos nossos filhos. Hoje, os abraços são bem-vindos, as conversas difíceis são mais produtivas e não nos sentimos fraudes como pai e mãe.

Portanto, todo aprendizado importa e nos capacita para a parentalidade. E o que estou buscando dizer aqui é que precisamos entender que filho não é tudo igual.

Por isso, um novo filho demanda de nós, pais e mães, uma grande dose de empatia para entendermos suas necessidades individuais, sem comparação com os irmãos.

Ter mais de um filho significa uma oportunidade única para nos reinventarmos como pais. E isso ninguém nos conta. Então aproveite essa dica e se permita ser um pai diferente para cada um dos seus filhos.

O pai, antes exclusivo, agora precisa repartir. Um malabarismo necessário. O amor multiplica, mas a demanda também. Haja braços e olhos para atender a tantos pedidos. Não se assuste, a gente dá conta. Se o segundo filho é mais fácil ou não, entenda, não depende do seu filho, mas de você.

Você já ouviu falar sobre slow parenting? Conheça aqui o movimento pela criação “sem pressa”.

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