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Adeus “aluno de inclusão”. E olá, dicas de inclusão real

Beto Bigatti BB
seg, 04/07/2022 - 10:00
Criança aparentando ter 7 anos de idade, branca, loira, veste camiseta de manga longa azul sentado na classe da escola. Na mesa escolar, materiais para desenho como lápis e papel.

Desde muito pequeno, eu, que nasci sem uma mão, lido com a curiosidade das pessoas. Porque o diferente ainda chama a atenção. Especialmente em um mundo em que a diversidade não é estimulada e vivenciada como algo natural. 

Mas atenção: todos somos diferentes. Ninguém é igual a ninguém e é justamente isso que nos une! A diferença nos torna semelhantes.

A curiosidade das crianças

Após décadas respondendo o que houve com minha mão, aprendi uma importante lição: as crianças, quando – e se – percebem minha deficiência, têm duas reações bem claras e distintas. A primeira é ficarem tão surpresas que dão uma "travada", resultado de todas as dúvidas que rolam na cabecinha delas.

Para esses casos, eu me abaixo e, com uma abordagem afetiva, dou oi e pergunto “viu que eu não tenho a mão?”. Está aberto o diálogo e a partir daí elas fazem todas as perguntas objetivas às quais eu respondo prontamente. Geralmente elas voltam a brincar e as dúvidas vão para o passado. A “travada” se transforma em diálogo e carinho. E inclusão.

Com o outro grupo de crianças, reações diferentes: ou gritam para os pais “olha, o tio não tem o braço!”, ao que eu respondo que o braço tá aqui, a mão é que o tio não tem. Ou ainda, me perguntam sobre o assunto sem timidez alguma, assim como perguntariam as horas para qualquer pessoa.

Ou seja, as crianças estão prontas para falar sobre inclusão.

O que acontece em 99,9% dos casos em que as crianças me abordam honestamente e sem julgamento algum é que os pais ou responsáveis se tomam de um constrangimento tão gigantesco que já saem em minha “defesa” (oi?), como se a própria criança tivesse arrancado minha mão. 

Queria tranquilizar pais e responsáveis: a pergunta educada e direta não nos ofende. A curiosidade é natural. Ao contrário, reações de negação de nossa deficiência podem ser mais agressivas do que se imagina. 

Portanto, caso se sintam constrangidos pela forma direta da criança, geralmente não há necessidade de se desculparem. Caso sintam necessidade, podem explicar o contexto para os pequenos. Talvez não seja o melhor momento para suas perguntas, mas a dúvida é pertinente. 

Os adultos ainda estão aprendendo

Com o tempo, aprendi que precisamos acalmar os adultos em relação às deficiências das pessoas. Eu sei, nossa geração não foi educada para a inclusão. Até bem pouco tempo atrás, as crianças autistas eram escondidas dentro de casa. Cadeirantes já sabiam que o lugar deles não era nos espaços públicos. Nesse mesmo sentido, não estávamos prontos para homens sem uma mão com seus filhos numa pracinha cheia de crianças.

Fico feliz ao ver que muita coisa mudou desde quando éramos apenas duas crianças com deficiência na minha escola. Por isso, confio na potência inclusiva que as crianças representam. No olhar curioso sem julgamentos. Na honestidade e na generosidade de uma criança.

Por que não gosto da expressão aluno de inclusão

Dentro desse contexto, a escola se faz o espaço ideal para a efetividade da inclusão. Prego o fim do “aluno de inclusão” porque esse título nos aparta. Somos todos alunos. E basta. Cada um lidando com suas potencialidades e não com o foco nas limitações.

Dicas para pais e escolas promoverem a inclusão na prática

Sempre é hora de falar sobre incluir. Sobre ampliar o universo de seu filho. O convívio com o diverso é bom para todos. E, nós, pais e mães, temos a obrigação de acolher a diferença. Sem nos sentirmos ameaçados, caberá a nós, aprendermos com as crianças e com seu olhar generoso para a inclusão.

Sugestões para promoção da inclusão:

  1. Não espere a deficiência chegar a sua família para se sensibilizar sobre o tema. A diferença faz parte da vida de todos;
  2. Não mantenha sua família distante de uma pessoa com deficiência. Digo sempre: nossa deficiência não é contagiosa; 
  3. Entenda que seu filho pode brincar com uma criança com deficiência;
  4. Caso não saiba como lidar com alguma situação nova envolvendo uma pessoa com deficiência, pergunte. Tire suas dúvidas, isso é incluir.
  5. Um coleguinha de Escola com deficiência é uma oportunidade para todos se desenvolverem. E não, ele não vai prejudicar o aprendizado de seu filho. Pelo contrário.
  6. A Escola deve estar sempre aberta para o diálogo com a comunidade escolar e, assim, acolher suas necessidades;
  7. Informe-se sobre o capacitismo. Cada cidadão deve fazer sua parte para evitar o preconceito.

Quer saber mais sobre a importância da inclusão escolar?

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