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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Desenvolvimento neuropsicomotor: o que é e como promover

Ninhos do Brasil NB
sex, 08/07/2022 - 10:00
Mulher adulta ensinando uma garotinha a colorir/ desenhar, essa é uma atividade que estimula o desenvolvimento neuropsicomotor

O desenvolvimento neuropsicomotor de uma criança pode ser observado desde o nascimento. Cada reação, reflexo, esboço de sorriso e de comunicação são pontos em sua evolução. 

E esse desenvolvimento continua todos os dias – nas atividades do cotidiano e nas brincadeiras! Aliás, é no livre brincar que a criança atinge os marcos de desenvolvimento e alcança toda a sua capacidade. 

Mas o que devemos esperar de cada fase? Como saber se a criança está se desenvolvendo da forma certa? Neste texto, vamos entender melhor as etapas do desenvolvimento neuropsicomotor das crianças e o que observar para conversar nas consultas pediátricas. 

Com quem falar sobre desenvolvimento neuropsicomotor? 

Segure a pressa se você estiver com ansiedade para que seu filho alcance logo toda a sua potencialidade! O desenvolvimento neuropsicomotor é um processo que acontece ao longo dos anos. 

Mãe de dois meninos, a profissional de Tecnologia da Informação Gabriella Gomes conta que, quando ainda estava grávida, até se inscreveu em newsletters para acompanhar o desenvolvimento das crianças. Mas, após o nascimento, acabou levando com mais leveza o crescimento dos filhos, Rafael, de 8 anos, e Daniel, de 5. 

“Sempre fui super-regulada com as visitas ao pediatra, e nós temos uma profissional muito boa e em quem confiamos muito. Então, se ela falava que estava tudo bem, estava tudo bem”, conta.

Já a fotógrafa Neizi Magalhães, mãe de uma menina de 9 anos, a Luisa, e um menino de 2, o Lucas, diz que a insegurança bateu no crescimento da primogênita. Por não ter amigas próximas com filhos, ela recorria a grupos na internet para conversar sobre o desenvolvimento neuropsicomotor da Luisa. 

“Na primeira filha, eu usei bastante a internet. Eu era bem insegura e quase nenhuma amiga tinha filho. Naquela época, o celular não era usado como hoje, então eu não tinha tanto acesso ao pediatra”, conta Neizi. No nascimento de Lucas, a situação mudou. “Já no segundo, oito anos depois, tudo flui mais fácil. Acabo conversando mais com o pediatra e com as amigas que agora são mães”, completa.

É o pediatra que, durante a puericultura, vai analisar o crescimento e o desenvolvimento da criança, de acordo com os marcos esperados para cada fase Por isso, as consultas regulares são tão importantes!

Etapas do desenvolvimento neuropsicomotor

Os marcos de desenvolvimento são escalas que mostram etapas cruciais do desenvolvimento infantil desde o nascimento até os 5 anos de idade. A escala Denver II, por exemplo, é um método de observação do desenvolvimento cerebral, e tem como objeto de estudo a criança na fase da primeira infância.

De modo geral, o teste avalia as habilidades sociais e de linguagem da criança, bem como a coordenação motora grossa e fina em uma série de atividades. Com os resultados, os médicos podem analisar o desenvolvimento neuropsicomotor tendo a idade da criança como base. Alguns dos pontos observados são:

Desenvolvimento social:

Sorrir de forma espontânea - 2 meses
Olhar o examinador e segui-lo em 180° - 4 meses
Levar a mão a objetos - 5 meses
Demonstrar medo de estranhos - 10 meses
Bater palma - 11 meses
Dar tchau - 14 meses
Imitar atividades diárias - 16 meses

Desenvolvimento motor:

Sustentar a cabeça - 4 meses
Sentar com apoio - 6 meses
Sentar sem apoio - 7 meses
Fazer pinça superior - 10 meses
Ficar em pé com apoio - 10 meses
Andar sem apoio - 15 meses

Desenvolvimento da linguagem

Balbuciar (linguagem de bebê, lalação) - 6 meses 
Falar as primeiras palavras - 12 meses 
Juntar duas palavras - 2 anos 
Construir frases gramaticais - 3 anos 

O desenvolvimento neuropsicomotor na linguagem: sílabas que levam às palavras

O famoso “bebêis”, ou a “lalação”, no linguajar médico, é o primeiro contato que os bebês têm com as palavras. 

Antes mesmo de aprenderem a primeira palavra, eles se comunicam por meio de gritinhos ou grunhidos, esperados a partir dos 2 meses. Por volta do sexto mês eles buscam dar mais forma a essas “palavrinhas”. É aquela linguagem fofa, em que parece que eles estão falando muita coisa, mas que no máximo os pais entendem.

A primeira destas palavras costuma aparecer por volta dos 9 meses, quando a criança junta duas sílabas parecidas que se assemelham a alguma palavra muito utilizada em seu dia a dia. Costuma ser “mama” ou “papa”. O significado? Depende do contexto de cada família. 

Em algumas pode ser mamãe e papai. Em outras, mamar e papá. “Meu mais velho começou a falar aos 8 meses, ao chamar a tia do berçário. O apelido dela era Gê. Nessa época, também começou a falar ‘papá’, para a comida. A gente brincava que ele aprendeu o mínimo necessário para a sobrevivência no berçário”, brinca Gabriella. 

Na família de Neizi, as primeiras palavras também vieram de sílabas repetidas. “A mais velha começou a falar um pouco antes do primeiro ano. Sílabas como mama, papa, auau. O mais novo falou um pouco depois”, conta Neizi. Sobre o caçula, Gabriella lembra que ele também conseguia falar algumas palavras antes de fazer 1 ano. “Ele já chamava o irmão, falava ‘Afa’, mamãe, papai, ‘esse’ para apontar objetos, baby para cantar baby shark, vovó e vovô”. 

Estimulando a linguagem

O mais importante para o desenvolvimento da linguagem é o estímulo. Por isso, é preciso que a criança ganhe muita atenção, muita conversa e tenha espaço para se comunicar com os adultos ao redor. 

O excesso de telas e uso de bicos artificiais podem atrapalhar a linguagem. Além de tudo isso, há o fator pandemia. Em pesquisa publicada no jornal britânico BMJ, cientistas apontam que bebês nascidos durante a pandemia podem apresentar reduções significativas nos resultados dos testes cognitivos e de linguagem, provavelmente relacionadas a fatores como isolamento, uso de máscaras (que impedem que elas vejam o movimento da fala dos adultos) e stress.

Para estimular a linguagem, também é interessante realizar brincadeiras, nomear os objetos ao redor, como os brinquedos, e descrever tudo o que vai fazer com a criança. Assim, ela aprende no dia a dia, por imitação e exemplo, como fazer para desenvolver a própria comunicação. O uso de músicas também é válido, já que a criança pode aumentar seu vocabulário a partir delas (além de ser muito divertido!).

Parece até conversa de gente grande

Até que,  quando a gente menos percebe, eles já estão a todo vapor contando muitas histórias.

“Para mim, era muito engraçado ver um bebê tão pequeno falando! Até porque logo eles começaram com pequenas frases, e meu filho mais velho então, sempre teve uma voz muito grossa! Era algo que fazia a gente rir muito”, relembra Gabriella.

Por volta dos 3 anos, é esperado que a criança fale frases maiores e responda perguntas simples. Ela também consegue brincar com outras crianças e se mostrar preocupada com os amigos chorando. Por volta dessa idade, começa ainda a socializar e participar de conversas ao redor. 

Aos 4 anos, já se espera que a criança consiga falar grandes sentenças e contar histórias, e ao 5 ela já consegue conversar com clareza e se assemelha aos seus pares, querendo ser igual aos amigos e usando muita imaginação nas brincadeiras!

Os desenhos falam – e muito!

Um marco muito interessante do desenvolvimento neuropsicomotor é o desenho. A cada fase da vida da criança, ele ganha mais detalhes e conta mais histórias. Aqueles rabiscos, que começam quando ela apresenta a primeira capacidade de segurar um giz, logo se transformam em bonecos mais estruturados e grandes cenários que contam sonhos, vontades ou até mesmo o dia a dia da criança.

Características do desenho infantil em cada idade:

  • 2 anos - Rabiscos (com o passar do tempo, os rabiscos ganham um significado para a criança, que te conta o que esperava fazer com aquele desenho)
  • 3 anos - Círculos (que podem representar praticamente tudo. Aos poucos, o círculo ganha o formato de figura humana)
  • 4 a 5 anos - O desenho da figura humana tem mais detalhes, e representa histórias ou eventos
  • 6 a 7 anos - Nessa fase, as crianças conseguem desenhar paisagens, mesmo que em linhas, e muitas vezes repetem o mesmo cenário
  • 8 a 9 anos - Fase do realismo, quando o desenho ganha muitos detalhes
  • 12 anos - Fim do “período artístico”, quando a criança se frustra por não conseguir copiar completamente o desenho

fonte: Faculdade de Ciências Médicas/Unicamp

Um exemplo de como as crianças gostam de retratar as situações do dia a dia em seus desenhos está no caso narrado por Gabriella. Sua sobrinha fez um desenho do primo andando pela primeira vez ao observar a cena. 

É importante sempre estar atento aos desenhos das crianças, pois eles podem demonstrar frustrações, problemas ou detalhes que passam despercebidos no dia a dia, mas que se destacam nas imagens. Na dúvida, sempre se pode conversar com os professores, com o pediatra ou com um psicólogo.

O desenvolvimento neuropsicomotor nos movimentos: de tanto engatinhar, aprendeu a correr

O processo para iniciar os primeiros passos começa desde o nascimento da criança. É preciso, desde o princípio, estimular o desenvolvimento motor. A partir dos dois meses, por exemplo, já é possível deixar a criança brincando no chão de casa, para que ela se sinta à vontade para explorar, conhecer as barreiras, os limites e brincar.

Um exercício recomendado para se fazer com os bebês pequenos é o “tummy time”. Ou seja: deixar o bebê por algum tempo brincando com a barriguinha para baixo. Importante frisar que ele sempre deve estar sob supervisão de um adulto e que, na hora de dormir, o recomendado para a segurança do bebê é que ele fique em uma posição com a barriga virada para o teto. Ao menos até aprender a virar sozinho. 

No “tummy time”, o bebê aprende a sustentar o pescoço e exercita os músculos para começar a trabalhar o processo de rolar, que costuma acontecer após os 4 meses, e engatinhar, esperado após os 6 meses.

Nem todo bebê passa pelo marco de engatinhar e está tudo bem. Alguns apenas se arrastam e já começam a andar. O processo de engatinhar está relacionado à habilidade da escrita manual, então o incentivo para que isso aconteça é legal, mas não primordial. 

Para incentivar a criança, os pais podem colocar brinquedos para que ela busque, fazer brincadeiras de corrida, dançar músicas ou outras ações que incentivem o movimento. 

Aos 6 meses, as crianças já começam a ter mais sustentação do próprio corpo – conseguem sentar sozinhas, por exemplo. Com o passar do tempo, a movimentação vai se desenvolvendo: até o final do primeiro ano de vida, a tendência é que eles comecem a engatinhar, indo até os brinquedos ou até os pais. Em seguida, começam a procurar novos objetivos, como se levantar apoiando-se em quem estiver por perto. Com esforço, entre 10 e 12 meses elas podem até conseguir andar pela casa, segurando nos móveis.

Os primeiros passinhos sem apoio podem acontecer até os 18 meses, então não tenha pressa! Não compare seu filho com o do vizinho, um filho com o outro ou com o seu próprio desenvolvimento na infância. Cada criança tem seu tempo, dentro dos marcos e, caso passe disso, é o pediatra que avalia se o atraso é preocupante ou não.

De qualquer forma, objetos como andadores ou cadeirões com roda para auxiliar a criança a acelerar o passo não são recomendados. Eles podem causar acidentes graves e atrapalham o alcance da marcha ideal.

E como aguentar a emoção quando seu filho finalmente corre para seu abraço? “Era algo que a gente estava na maior expectativa. Os dois andaram com 1 ano e 3 meses. Do Rafael, eu lembro que cheguei para pegá-lo no berçário e a professora veio toda sorridente trazendo ele, falando que tinha uma surpresa. Soltou ele no chão e ele veio para mim! Foi lindo demais! O Daniel deu os primeiros passinhos brincando com a minha sobrinha! Ela até fez um desenho depois disso, eu tirei foto para guardar”, se emociona Gabriella.

Conquistar o desenvolvimento neuropsicomotor brincando

Um dos principais pontos para se garantir um bom desenvolvimento neuropsicomotor da criança é o vínculo afetivo com seus cuidadores. Este é, inclusive, um item preconizado pelo Ministério da Saúde. Com vínculo e afeto, a criança aprende mais facilmente e se desenvolve de forma segura e familiar.

Lembrando: criança aprende brincando! Por isso é tão importante olhar no olho, sentar e brincar, ter tempo de qualidade. É nas brincadeiras adequadas para cada fase, na imitação e na escuta ativa do adulto que a criança consegue conquistar suas potencialidades e evoluir.

Brincadeiras para auxiliar o desenvolvimento neuropsicomotor

Brincadeiras como blocos de montar ou rabiscar com giz de cera, por exemplo, auxiliam as crianças a conquistarem o movimento de pinça. Ensinar músicas, cantar junto e ler as letras das canções ajuda a adquirir vocabulário e desenvolver a fala. Brincadeiras de esconder o rosto e perguntar onde está o bebê, fazer caretas, dar tchau… tudo serve de apoio para as crianças aumentarem seu repertório de desenvolvimento e evoluírem nos marcos. 

Por conseguir ficar com o filho mais velho em casa nos primeiros 8 meses, Gabriella acredita que conseguiu participar bastante do desenvolvimento do primeiro ano do primogênito. 

“Eu era muito sozinha com o Rafael até terminar a minha licença. Então, eu não tinha com quem falar, e conversava com ele o dia inteiro. Não sei se isso ajudou, mas lembro que minha mãe ria e comentava ‘meu Deus, você fala com essa criança o tempo inteiro'!”, se diverte. Com tanta atenção, Rafael conseguiu desenvolver rapidamente a fala e, ainda bebê, exibia um ótimo vocabulário.

A importância da natureza no desenvolvimento neuropsicomotor

Outro ponto bem importante é deixar a criança interagir com a natureza, seja no parque, na praia ou no quintal. A criança que brinca ao ar livre tem mais chances de se desenvolver de forma saudável e fortalecer a sua imunidade. 

“Uma coisa que eu sempre tentei proporcionar pros meninos é contato com a natureza. Na verdade, a brincadeira ao ar livre. Aquela coisa de brincar na praia, brincar na grama, na terra, ver céu, estar livre. E isso desde bebês até hoje”, conta Gabriella, que completa: 

“Já me senti muito incomodada por eles passarem tanto tempo entre as paredes na escola, por exemplo. Hoje eles estão numa escola onde há muito verde, animais e estímulos desse tipo. Se tiver que escolher entre levá-los num museu ou ao shopping e ir à praia ou ao parque, na maioria das vezes, vou ficar com a opção ao ar livre". 

O importante é participar do desenvolvimento do filho e ter sempre atenção às consultas com o pediatra. Ele é o médico responsável por analisar a evolução da criança e auxiliar em caso de necessidade de intervenção precoce em possíveis atrasos. 

Qualquer dúvida que você tenha em relação ao desenvolvimento de sua criança, lembre sempre de conversar com o médico que faz a puericultura. É ele quem guiará os cuidados a tomar, mas é você quem está presente no dia a dia e poderá dizer como está sendo sua evolução.

A alegria de acompanhar o desenvolvimento neuropsicomotor

E comemore! Celebre cada passo, cada nova conquista, curta as fases que estão por vir. Com o filho de 8 anos, Gabriella se derrete e diz que segue se emocionando a cada evolução.

“A escrita me emociona até hoje. O mais velho, por exemplo, já está no terceiro ano do ensino fundamental, mas os aprendizados dele na escola me emocionam demais! Parece que é aquela coisa que você olha e pensa: ‘nossa, meu bebê realmente cresceu'!”, se emociona. 

Neizi faz coro com a emoção. “Na primeira filha, existia muita ansiedade e medo. Mas todos os marcos foram e ainda são comemorados. Agora, a mais velha está entrando na adolescência e, por mais complicada que seja, é um desabrochar lindo. Do mais novo, com 2 anos, agora curtimos com mais calma cada momento. Nos preocupamos menos com palpites alheios, focamos mais na orientação do pediatra e respeitamos o tempo dele”, conta.

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