Dilema parental e combinados: quem decide aqui em casa?

Dilema parental, o famoso jogo de empurra-empurra entre pai e mãe. Todo mundo já presenciou ou já fez isso: “fala com a sua mãe” e “fala com o seu pai” são frases tão usadas pelos pais quanto "tô com fome" pelos filhos.

Como tudo na parentalidade, a solução invariavelmente passa pelo diálogo. Pai e mãe precisam entender seus papéis de educadores e assumir para si a responsabilidade de serem porto seguro para seus filhos e não entrarem em disputas desnecessárias.

Dividir e compartilhar: equilibrando a criação dos filhos

Nem sempre temos as respostas certas no momento adequado. Aliás, geralmente é por isso que delegamos a decisão para o outro, nos isentando de responsabilidade. Não há problema em não saber a resposta ou em não se sentir habilitado para decidir certas coisas isoladamente.

Aqui em casa temos um combinado: mesmo quando a decisão é tranquila para mim (quando pedem para dormir na casa de um amiguinho, por exemplo), informo que vou conversar com a mãe deles e já volto com a decisão. E vice-versa. Dessa forma, mantemos um fluxo tranquilo, sem margens para manipulação ou dúvidas.

Tem funcionado bem. Mas é claro que antes de esse sistema funcionar por aqui, minha esposa e eu tivemos nossos desentendimentos, e foi preciso muita conversa até alinhar como faríamos.

Parceria é sempre o melhor caminho para a parentalidade

A responsabilidade deve ser compartilhada: essa foi nossa primeira avaliação. A partir disso, definimos que decisões simples poderiam ser comunicadas diretamente aos guris. Já as complexas (como dormir fora de casa, passeios longe de casa ou horas extras de videogame) seriam tomadas em parceria.

Essa é a palavra que mais nos ajuda nesses momentos: parceria. É fundamental que os pais compreendam que uma família que faz e mantém combinados é uma família mais feliz.

Por outro lado, mesmo as famílias mais felizes passam por turbulências. Porém, o diálogo permanente e o cumprimento dos combinados garantem uma duração maior da paz.

Diálogo é a chave para resolver os pedidos das crianças

Cada família conhece suas necessidades. Mesmo assim, elaborei um “guia rápido” para ajudar nessa conversa e tentar auxiliar na construção do combinado na sua casa.

O guia rápido dos combinados

1. Não deixem para definir combinados duradouros logo após um desentendimento entre o casal.
2. Essa conversa é apenas entre os adultos.
3. Escrevam – em um papel ou no celular – a lista dos pedidos mais comuns que seu filho costuma fazer.
4. Separem os pedidos em 3 categorias: fáceis, médios e delicados.
   - Fáceis são aqueles que não demandam nenhum grau de alteração da rotina.
   “Posso comer sorvete hoje?”, “Posso não tomar banho?”, “Compra mais figurinhas?”
   - Médios são aqueles que podem comprometer a rotina da criança ou dos adultos da casa.
   “Posso fazer o dever de casa amanhã?”, “Posso ver TV até mais tarde hoje?”, “Preciso ir à aula, mesmo?”
   - Delicados os que afrontam nossos medos e inseguranças, além de alterar a rotina da família.
   “Posso viajar com a família do Xande?”, “Me deixa ir ao cinema sozinho?”, “Posso saltar de Bungee Jump?"
5. Com essa lista e a classificação em mãos, decidam onde será feita a linha de corte para definições em conjunto.
6. Quando estiverem tranquilos com as definições, chamem as crianças e conversem sobre a dificuldade de decidir algumas coisas. Falem sobre a responsabilidade das decisões e as consequências dos pedidos delas.

A partir dessa conversa, experimentem. Ajustem com o andar das solicitações e, principalmente, confiem um no outro. Lembrem-se: diálogo e parceria é fundamental!

A mãe que decifra até silêncios também precisa ser ouvida

Beto Bigatti BB