Inteligências múltiplas e os potenciais das crianças
Antes de falar sobre as inteligências múltiplas, gostaria de dizer que sou uma eterna apaixonada pela educação. O processo de aprendizagem me encanta: é fascinante ver como o desenvolvimento de uma criança acontece de várias formas, e é necessário compreender como de fato ele se dá.
Uma vez, ouvi uma palestrante em um evento sobre aprendizagens dizer que, se congelassem uma pessoa e a descongelassem depois de 100 anos, ela sairia desesperada, derrubando tudo e muito assustada. Mas que, quando ela passasse pelos portões da escola, se acalmaria, pensando "aqui eu conheço, aqui sei onde estou".
Isso porque a escola é o único lugar que não muda com o tempo, que segue a mesma de séculos atrás – e isso pode ser um problema.
A questão das inteligências múltiplas, por exemplo, é um ponto que precisa ser revisto em várias escolas para acompanhar a evolução das descobertas científicas.
De modo geral, os processos educativos ainda valorizam demais aquele aluno que é "fera em matemática", ou que entende tudo de análise sintática. E como fica aquele aluno que é excelente no desenho? E aquele que tem uma excelente comunicação? Ou aquele que lidera tão bem as brincadeiras com os amigos?
Vamos pensar no formato da sala de aula: ele pouco mudou. As estratégias continuam favorecendo os saberes como "únicos". Imagina quantos aprendizados estão escondidos por trás da homogeneidade de inteligências que muitas vezes as escolas insistem em pontuar?
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O que são inteligências múltiplas?
Quando falamos de inteligências múltiplas, estamos falando da valorização dos saberes. Lembrando aqui da frase de Paulo Freire, "o aluno não é uma tábua rasa e o professor não é o detentor do conhecimento".
Já falamos aqui tantas vezes sobre o ambiente de sala de aula ser diverso, e que podemos encontrar muitas habilidades diferentes dentro da escola. Mas sabemos valorizar isso? Sabemos estimular? Potencialidades não podem ser ignoradas ou menosprezadas só por fugirem do padrão. Pelo contrário: esse deve ser um motivo para valorizá-las.
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Howard Gardner, o cientista que nos abre a mente para as inteligências múltiplas, diz que cada pessoa demonstra habilidades cognitivas distintas. Isso significa que todo mundo tem uma área de domínio, ou seja, uma inteligência.
Gardner propõe nove inteligências, segundo suas pesquisas. Você sabe qual é a sua?
São elas: linguística, lógica, musical, corporal, intra e interpessoal, espacial, naturalista e existencialista.
Você sabia que eram tantas? Pois é, inteligência não é só entender matemática ou saber escrever muito bem. O pensamento, e as diversas habilidades, traçam caminhos distintos. São maneiras diferentes de atuar no mundo. E a cada geração descobrimos novas formas disso, novas inteligências.
Precisamos valorizar as inteligências múltiplas na escola
Nossas crianças não são mais aquelas que se sentirão à vontade sentadas enfileiradas, copiando as atividades no caderno, para depois responderem o questionário, sempre obedientes à rotina. Elas querem mostrar o que sabem e querem uma oportunidade para dizerem que são boas em algo.
A compreensão das inteligências múltiplas nos mostra que todos somos inteligentes. Cada um tem uma habilidade específica em que consegue se destacar de alguma forma.
Já passou da hora da diversidade de aprendizagens ser valorizada na escola.
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Que tal começarmos a valorizar diversos saberes dentro da sala de aula?
Veja bem, não estou dizendo que devemos acabar com concursos ou atividades como olimpíadas de matemática, por exemplo. Mas não podemos olhar para uma sala de aula e premiar algumas categorias específicas, esquecendo-nos de outras habilidades também importantes para o desenvolvimento humano.
É necessário pensar em metodologias que possam abarcar todas essas inteligências. Nesse sentido, a observação é fundamental, pois é através dela que o professor reconhecerá as características específicas de cada criança e, consequentemente, as inteligências múltiplas de sua turma. Assim, ele poderá trabalhar da melhor maneira possível, alcançando todo o potencial dos alunos.
O grande desafio para a educação é justamente o de pensar fora da caixa.
Sabe aquele ditado "eu nasci assim, sou assim e serei sempre assim"? Precisamos nos desvincular dele e aproveitar a oportunidade de conhecer aprendizagens diferentes que compõem a diversidade humana.
Viva as inteligências múltiplas!
Conversar com a criança sobre o dia a dia na escola é essencial para o aprendizado. Veja aqui dicas para esse diálogo!