Parentalidade atípica com foco em neurodiversidade - Conheça o projeto
Quem é mãe ou pai, sabe: dúvidas, anseios e desafios fazem parte da jornada da parentalidade. “Será que vai se dar bem na escola?”, “ Vai fazer amizades?”, “E o futuro, o que reserva?” e “Vai namorar, trabalhar?”.
Em famílias que têm crianças com condições neurodivergentes ou atípicas, muitas dessas questões se tornam mais frequentes – e se somam a outras. Preciso estimular mais? Terei dinheiro e tempo para os acompanhamentos necessários? Quais são os direitos que temos? Como tornar o mundo mais receptivo à minha criança?
Toda criança é única, cada família tem uma história. Entender a realidade e as necessidades de famílias com crianças neurotípicas ou neurodivergentes é o primeiro passo para criarmos ambientes acolhedores e inclusivos.
Foi pensando nisso que a Play Pesquisa e Conteúdo Inteligente, com o apoio de NINHO®, realizou o estudo "Parentalidade Atípica com Foco em Neurodiversidade". Foram 20 famílias e 10 profissionais especialistas ouvidos para conhecer essa realidade para além das siglas que denominam as condições neurodiversas.
“Estamos falando de sentimentos envolvidos, e sobre isso não há certo ou errado”, explicam Aurélia Picoli e Ana Amélia, pesquisadoras da Play Pesquisa e Conteúdo Inteligente.
O levantamento retrata um pouco dos desafios enfrentados pelos pais e familiares até a descoberta do diagnóstico e também depois, para incluir os filhos em atividades cotidianas. Mostra também as fontes de segurança e apoio que essas famílias encontram ou criam, e que deixam o caminho muito mais bonito.
Parentalidade atípica e neurodiversidade: por dentro dos conceitos
É possível que você já tenha se deparado com o conceito de parentalidade atípica e lido sobre algumas condições classificadas como atípicas. Siglas como TEA, TDAH, TOD entre outras condições neurológicas fazem parte desse universo.
Vamos entender mais?
TEA
Popularmente conhecido como autismo, ele provoca alterações do neurodesenvolvimento, que resultam em dificuldades na comunicação e na interação social. Essas alterações ocorrem nos aspectos verbais e não verbais da comunicação e em relacionamentos interpessoais.
TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma das principais condições do neurodesenvolvimento que impacta crianças, adolescentes e adultos. Um dos sintomas característicos são a impulsividade e a dificuldade de concentração.
TOD
O Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD) é reconhecido pela presença de descontrole emocional, desobediência persistente, comportamento agressivo e dificuldades cognitivas.
É comum que as pessoas tenham diagnósticos combinados, e é por isso que a soma ultrapassa 100% do universo.
Mais do que definir cada uma dessas letrinhas, é papel da sociedade compreender e acolher os sentimentos dessas famílias. Foi isso que as pesquisadoras buscaram e que veremos a seguir.
A descoberta do diagnóstico
O novo nos traz receios, e isso é totalmente normal. Quando passamos por situações que nunca vivemos antes, ou quando não temos pessoas próximas que tenham passado por isso, pode parecer difícil lidar nos primeiros momentos.
E, quando se trata do diagnóstico de uma neurodivergência, não é diferente.
O preconceito, o medo de olhares na rua e a discriminação também são parte dos receios dos pais, infelizmente enfrentados diariamente.
A luta pela conscientização e empatia em relação às pessoas neurodiversas é constante, e ter uma rede de apoio para se sentir acolhido e conversar com outros que também passam por isso é muitas vezes o que mantém os pais firmes para seguir em frente.
Existem diversos grupos que podem auxiliar os pais que estão entrando em contato com a neurodivergência pela primeira vez. Um deles é o TEAPOIO, um grupo de apoio para pais atípicos que oferece estudos, rodas de conversa e uma comunidade que compreende a experiência desse tipo de parentalidade.
"Eu não conhecia ninguém com filho autista, não sabia de nada. Comecei a estudar e pesquisar, e assim formamos um grupo de pais para rir e chorar juntos. Isso nos ajuda a enfrentar as lutas pelos nossos filhos, pois ainda enfrentamos muito preconceito." - Mariana Alckmin, fundadora do TEAPOIO.
O que os pais esperam da sociedade e da escola?
A busca por uma sociedade inclusiva e empática é uma causa em que todo mundo precisa fazer a sua parte.
É necessário um olhar mais atento aos seus alunos atípicos. A escola desempenha um papel fundamental na vida de todas as crianças, incluindo aquelas no espectro autista.
A escola é o ambiente em que muitas crianças fazem seu primeiro contato social. É onde fazem amiguinhos, desenvolvem habilidades de resolução de problemas e aprendem a fazer algumas ações com certa autonomia.
A criança precisa de oportunidades e incentivos para se desenvolver na aprendizagem, assim como todas as outras crianças.
Uma escola que promove inclusão é aquela que tem um projeto pedagógico sólido e implementa efetivamente práticas inclusivas.
A importância da conscientização sobre neurodivergências desde a infância
A inclusão abraça a diversidade, priorizando atividades especializadas que auxiliam no pleno desenvolvimento da criança. E uma coisa muito importante para esse processo é a integração com outras crianças.
A infância é o momento ideal para aprendermos sobre as diferenças entre as pessoas. Dessa forma, aos poucos construímos uma sociedade mais consciente e empática. 🤩
Mas como promover isso?
Na escola, é possível incentivar algumas atividades, como:
- Trabalhos em grupo: convidar todos os colegas para trabalhar juntos, formando uma equipe. Essa atividade cria um sentimento de pertencimento entre as crianças.
- Brincadeiras que promovam o respeito aos limites de cada um: é importante que as crianças aprendam a entender o comportamento dos colegas.
- Incentivar a educação entre os pares: esse modelo oferece a oportunidade de as crianças aprenderem umas com as outras, trocando conhecimentos e experiências.
Salas multissensoriais em espaços públicos
Em áreas públicas, como parques, shoppings, teatros e cinemas, a quantidade de estímulos, pessoas e sons pode deixar as crianças atípicas irritadas e ansiosas. Afinal, essa sobrecarga de informações pode ser muito difícil de lidar ao mesmo tempo.
Mas quer saber uma alternativa inclusiva muito boa? São as salas multissensoriais.
Esses lugares são mais silenciosos e afastados, onde os pais podem levar a criança e permitir que ela se acalme aos poucos.
É maravilhoso, porque assim as crianças podem participar de atividades divertidas e os pais podem ficar tranquilos sabendo que, quando precisarem, terão suporte e ajuda disponíveis.
Qual é o papel da indústria e da mídia na conscientização sobre a neurodiversidade?
Quando conseguimos abrir espaços nos canais de comunicação para debater sobre a atipicidade, abrimos os olhos de pessoas que não têm tanto contato com esse assunto. Isso faz com que elas enxerguem com outros olhos, livre de estigmas e preconceitos.
Sabia que é possível abordar esses temas incríveis em filmes, séries, novelas e livros? Através dessas histórias, podemos alcançar um público mais amplo e contar histórias envolventes que mostram a diversidade humana.
Duas sugestões de séries muito interessantes sobre o assunto:
- "Atypical": essa série conta a história de Sam, que tem traços do espectro autista e busca conquistar sua independência da família. A obra fala sobre relacionamentos amorosos entre pessoas neurodivergentes e também aborda a dinâmica familiar.
- "The Good Doctor": nessa série, o Dr. Shawn Murphy, um médico que está no espectro autista, busca reconhecimento por sua competência no trabalho. É uma história emocionante que nos mostra que todos têm talentos únicos, independentemente de suas características.
Além disso, é importante destacar que a indústria também tem um papel fundamental em estudar essas questões e buscar formas de facilitar o convívio social entre pessoas típicas e atípicas.
Essa busca pelo entendimento mútuo promove benefícios para todos nós.
Tudo o que os pais buscam é mais empatia, garantia de direitos e integração social para suas crianças.
Um espaço de igualdade entre as pessoas, independentemente de suas características, traz benefícios para a sociedade como um todo.
Vamos lutar por isso juntos?
Para entender um pouco da parentalidade atípica, confira esse relato da Elaine, mãe do Lucca, que possui TDAH.
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