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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

“Código de conduta dos pais”: como lidar com julgamentos?

Ninhos do Brasil NB
qui, 16/09/2021 - 10:30
Sentadas em um sofá, criança com um computador no colo observa a avó falar sobre a conduta dos pais com a mãe.

Regra número um do “código de conduta dos pais”: não julgarás outros pais e mães. Afinal, nunca sabemos o que eles passaram ou estão passando. E também não gostamos de ter nosso comportamento julgado.

Porém, julgar é um instinto natural do ser humano, né? Dá pra julgar quem julga?🤔 Fazemos isso o tempo todo ao guiar nossas escolhas de acordo com o que acreditamos ser melhor ou mais adequado pra gente. Até aí tudo bem. Mas como evitar que nossos julgamentos pessoais machuquem outras pessoas?

Atenção: não confunda o “não julgar” com omissão em relação a crimes. Existem os códigos de conduta para se viver em sociedade: as leis do país, incluindo o estatuto da criança e do adolescente e até as regras de convivência nas redes sociais. Aí, sim, se achar que alguém está violando alguma norma, cabe denúncia para as pessoas responsáveis julgarem. Combinado?

Empatia e respeito às diferenças são as palavras de ordem contra o julgamento. Neste texto, reunimos algumas dicas para colocar isso em prática e lidar com aqueles que recebemos no dia a dia.

Mães e pais na berlinda

O julgamento da conduta dos pais começa antes mesmo de os filhos nascerem (“Vai ter ou não vai ter filhos?”, “Já está ficando velha” ou “Nossa, mas engravidar tão jovem!”) e parece nunca ter fim (“Como assim, não amamenta?”, “A criança está muito magrinha/gordinha”, “Dá a chupeta”, “Dá bolacha”, “Não dá suco”...).

É comum que o dedo inquisidor venha da nossa própria rede de apoio. Mesmo com as melhores intenções, o encontro de gerações pode gerar conflitos e inseguranças em mães e pais.

“Esse julgamento é constante. O ser humano faz isso. E às vezes quem julga é que nem filho tem” , desabafa Sandro ao lembrar das pessoas – amigos, primos, irmãos –, que idealizam um tipo de cuidado, sem perceber o quanto a vida real pode ser diferente.
De um lado, as recomendações científicas da Organização Mundial da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria, do Ministério da Saúde e da Educação e de tantos outros órgãos reguladores. De outro, os tantos exemplos de “fiz assim e tá todo mundo vivo”. No meio disso tudo, estão mães e pais e suas realidades únicas tentando se equilibrar e cuidar dos seus filhos da melhor forma possível.

E ainda não falamos sobre o tribunal da internet. Quem nunca entrou num grupo virtual em busca de apoio e resolução de dúvidas e saiu ainda mais confuso, triste e desamparado?

Com o tempo,  a gente se acostuma, seleciona melhor nossos conselheiros, ganha segurança na forma de criar e educar e aprende a se defender. Mas não pense que o julgamento termina aqui.

As crianças estão crescendo... e então vem a escola e a reunião de pais.

Lidando com as diferenças na reunião de pais da escola

Numa reunião de pais na escola, pessoas muito diferentes entre si têm um objetivo comum: a educação dos filhos.

Porém, nem sempre as famílias concordam sobre o que é melhor para cada criança e qual é a melhor conduta a ser adotada. Nessa hora é natural que divergências apareçam: crenças, ideologias, estilos de vida, condição social etc.

“Tenho a teoria que essas reuniões são os espaços onde mais acontecem julgamentos entre mulheres. Encontramos parceiras que estão interessadas no aprendizado e saúde mental dos filhos, porém, encontramos famílias que estão em disputas e competições e julgam muito quem não entra no jogo”, analisa Renata Zardin, mãe da Morgana de 14 anos e do João Pedro, de 8, com muitas reuniões de escola (e julgamentos) no currículo.

Ouvimos relatos de mães que se sentiram julgadas de diferentes formas: a Renata foi “acusada de ser muito artista”; a Fabíola e a Kadi foram julgadas pela roupa que as filhas usavam, a Luana, por “não dar limites” à filha com TDAH; a Camila conta que foi orientada pela coordenadora da escola a dar um irmão para ajudá-lo na socialização (simples, né?).

“A mãe se sente muito julgada o tempo todo, eu mesma me julgo. As pessoas falam o que você tem que fazer, as mães estão de saco cheio. Aí, quando uma pessoa te ajuda sem julgar, a gente se sente muito feliz”, resume Milena.

Quando o julgamento sobre a conduta dos pais machuca

Aqui, estamos falando da crítica e julgamento que se faz ao modo que cada família decide – ou consegue – viver e criar seus filhos. Como se todos tivessem de seguir o mesmo código de conduta sobre como se vestir, falar, comer, amar, rezar, existir. Vale lembrar: não precisam!

Nem sempre o julgamento sobre a conduta dos pais é tão explícito como um dedo apontado. Tem aquele revirar de olhos diante da postura do outro, o balançar de cabeça em negação, o “tsc, tsc, tsc” baixinho, aquela frase maldosa disfarçada de conselho. Você já sentiu esse tipo de julgamento? Só de lembrar já dói, né?

Pensando bem, você já se viu fazendo um desses gestos ou palavras por discordar da conduta de alguém? É bem possível que sim. Ninguém é perfeito, afinal. Mas estamos nessa jornada como pais e mães para aprender e crescer junto com nossos filhos. E lidar com as diferenças é um dos principais aprendizados.

5 dicas para evitar julgamentos da conduta de pais

Como controlar os julgamentos? O desafio não é só de educadores que conduzem a reunião! Nós, pais e mães, também temos nossa lição para fazer – e não é só na reunião da escola. Vale pra vida:

  1. Debate de ideias é saudável: se o assunto envolve a todos, é normal e necessário que se discuta as diferentes visões e interpretações. Para que seja um debate proveitoso, tente realmente ouvir de coração aberto. Você pode descobrir um ponto de vista novo.
  2. Saiba a hora de falar – ou de guardar a opinião para si: se o assunto só diz respeito ao outro, por exemplo, o que a pessoa come ou veste, observe se a pessoa está mesmo abrindo suas decisões pessoais para o debate. Nem todo mundo está a fim de debater ou justificar suas escolhas o tempo inteiro para todo mundo.
  3. Exerça a empatia: busque se colocar no lugar da outra pessoa para entender as necessidades. E lembre-se que outros pais também sentem inseguranças sobre a criação dos filhos, assim como você também provavelmente tem as suas. É o famoso “quem nunca?”. Uma crítica ou conselho não solicitados pode tocar em feridas que a pessoa está tentando curar.
  4. Não faça da maternidade e da paternidade uma competição: quem manda a lancheira mais saudável, quem ajuda mais na lição, ou mesmo quem é mais empático que o outro. Lembre-se que não existe essa modalidade olímpica. Superar a nós mesmos é muito mais gratificante.
  5. Entenda por que a conduta do outro te incomoda: aí é importante a gente olhar pra dentro e conversar com as nossas dores. Muitas vezes, ao julgar o outro estamos olhando para algo que não está bem resolvido em nós.

Por isso, ao sentir que você está julgando alguém, mesmo que internamente, por exemplo: “ai, lá vai a mãe perfeitinha falar” experimente se questionar: “Por que eu acho essa mãe tão perfeitinha? Por que isso me irrita? Aliás, um aviso: essa mãe também não é perfeita.

H2: Como você reage quando se sente julgado(a)?
Nem sempre estamos só de um lado. Um dia julgamos, no outro dia, somos nós as pessoas sentadas no banco dos réus da parentalidade.

Às vezes incomoda, porque já estamos cansados do debate, outras vezes dói, porque mexe com nossas inseguranças. Aí, por mais que a gente tente dar de ombros ou dizer “tô nem aí”, é preciso muita força para enfrentar os julgamentos.

As formas de reagir ao julgamento podem variar conforme a personalidade, o “crime” e a disposição para o debate. Listamos algumas reações citadas na nossa equipe.

“Cara de alface” – deixar quieto

Essa dica é para aqueles julgamentos que não doem mesmo ou que você já está cansada de debater. Julgamentos sobre algo que você já tem convicção formada entram por um ouvido e saem pelo outro. Uma frase genérica ou o simples “aham” já podem cortar a conversa.

Explicar que o que a pessoa fez ou falou é ofensivo

Essa sugestão é para quando estamos convictos, dispostos e consideramos muito a pessoa que criticou/julgou. Essa pessoa falou algo difícil de engolir? Talvez seja o caso de não engolir mesmo. Pode ser um pouco constrangedor no início, pode ter lágrimas, mas também há grandes chances de ambas as partes saírem melhores dessa conversa.

Olhar pra dentro e ouvir de coração aberto

O julgamento veio e você sentiu? Talvez seja o caso de se perguntar por que doeu tanto. Às vezes é algo que você concorda, mas não está conseguindo fazer diferente. Se for esse o caso, e você se sentir à vontade para expor, pode ser o início de uma conversa transformadora – para você e para quem julgou.

Se, como dizem, a conduta dos pais influencia os filhos, que a gente consiga mostrar respeito, empatia e vontade de evoluir sempre que possível. Confira dicas para dar bons exemplos neste texto da cantora Negra Li. 💛

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