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Supertaster: será que o paladar aguçado da criança é genético?

Carol Albuquerque CA
ter, 29/11/2022 - 10:00
Mãe alimentando sua filha

Supertasters não conseguem comer determinados alimentos por causa do sabor – não necessariamente porque são chatas para comer. Alguns sabores mais fortes ou amargos, como rúcula ou agrião, chegam a ser insuportáveis para essas pessoas. Essa condição não é incomum, e existe uma resposta genética para isso.

Os supertasters, ou superdegustadores, têm o paladar muito mais aguçado do que a maioria das pessoas. Isso ocorre porque há uma alteração genética nos receptores de sabor na língua, fazendo com que a percepção de sabor seja mais forte do que para a maioria das pessoas.
A seguir, saiba a diferença entre o supertaster e o seletivo alimentar, e confira pontos de atenção em crianças – e adultos – com essa condição.

Diferença entre seletividade alimentar e supertaster

A preferência alimentar vai muito além do sabor do alimento. A percepção dos sabores pode influenciar diretamente os hábitos alimentares, afetando o estado nutricional. Uma série de reações químicas que acontecem na nossa boca são as grandes responsáveis pela preferência e recusa alimentar.

 A língua humana é envolta por papilas gustativas, que são pequenas protuberâncias cobertas com receptores de sabor. Esses receptores se ligam às moléculas da comida e ajudam a dizer para seu cérebro o que você está comendo. Os superdegustadores têm cerca de quatro vezes mais papilas gustativas na língua, portanto percebem o sabor de comida e temperos de forma mais acentuada. 

As papilas gustativas detectam cinco sabores primários: doce, salgado, amargo, azedo e umami. As papilas dos supertasters são mais sensíveis aos compostos amargos presentes em frutas e verduras, como brócolis, espinafre, rúcula, couve-de-bruxelas, nabo, repolho, agrião, café, dentre outros.

Essa questão pode ser a resposta para muitos casos de seletividade alimentar. Um genótipo específico dessa situação tem sido associado à preferência do sabor doce pelas crianças e à negação de alimentos amargos, principalmente os alimentos verdes folhosos. Mesmo que o sabor amargo não esteja presente em todos os legumes e vegetais, as crianças superdegustadoras recusam com maior frequência esses alimentos, diminuindo portanto seu consumo.

Algumas consequências de ser supertaster

Por serem sensíveis a esses alimentos, os superdegustadores podem ter carências nutricionais devido ao baixo ou nulo consumo dos vegetais verdes folhosos, tão ricos em nutrientes importantes, como antioxidantes, fibras, vitaminas e minerais.

Outro ponto importante é que os supertasters podem também recusar alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras – que para eles podem ser desagradáveis ao paladar. Isso faz com que as famílias fiquem de cabelos em pé quando essa criança já não aceita bem frutas e verduras e ainda recusa os tão atrativos doces e salgadinhos. Por essa razão, os supertasters têm também maior tendência ao baixo ganho de peso. 
 

Mas, nutri, se meu filho não come brócolis, então quer dizer que ele é um supertaster?

Não. Só porque sua criança não come um alimento mais amargo, não quer dizer que ela seja supertaster. Existem alguns testes genéticos, mas ainda não há padronização quanto a isso, tampouco aqui no Brasil. Portanto, é importante que um profissional nutricionista observe a rotina e comportamento alimentar da criança e se existe alguma padronização com relação aos alimentos recusados. Só a partir daí, ele poderá levantar a hipótese da criança se enquadrar nessa condição de supertaster.

O intuito deste texto na verdade é ampliar o olhar para as inúmeras possibilidades quando lidamos com uma criança com seletividade alimentar. Uma vez que temos a cultura de insistir para que a criança coma a qualquer custo, e também de muitas vezes achar que é frescura quando ela demonstra aversão a determinados alimentos.

O fator ambiental contribui na formação dos hábitos alimentares, portanto as crianças que nasceram com maior sensibilidade aos sabores amargos, podem se tornar menos seletivas na idade adulta graças às experiências positivas com os alimentos e pela maior oferta desses na sua alimentação. Ou seja, é importante que a criança ainda assim tenha a exposição às frutas, legumes e verduras em diferentes formas de preparo, com o intuito de amenizar a sensação desagrável e aos poucos se familiarizar com os sabores incluindo ao máximo a variedade de alimentos no seu dia a dia.
Não deixe de buscar ajuda de um nutricionista materno infantil para te auxiliar nesse processo de ampliar o leque de sabores e com isso de nutrientes de forma leve e prazerosa.

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