Habilidades sociais na infância: quais são, como avaliar e estimular?
Incentivar as habilidades sociais na infância é importante porque isso pode influenciar comportamentos da criança durante a vida toda: dos primeiros anos até a fase adulta.
Imagine a cena: as crianças estão brincando no parquinho quando, de repente, seu filho corre para você e fala “O fulano não quer dividir o brinquedo comigo!”. Ou, então, ao buscar a criança na escola, a professora fala que ela anda mais quietinha, quase não conversando com os amigos.
Saber dividir, resolver conflitos e se comunicar são habilidades sociais que podem ser aprendidas durante a infância, em conjunto com inúmeras outras.
Acompanhe a leitura para conhecer mais sobre o assunto e descobrir como estimular as habilidades sociais nas crianças! 😊
O que são habilidades sociais?
De forma resumida, as habilidades sociais envolvem tudo o que diz respeito às relações interpessoais, ou seja, todas as “etiquetas” que precisamos cumprir enquanto pessoas que vivem em sociedade.
A maior parte dessas habilidades são desenvolvidas na infância (em ambientes familiares e escolares). Podemos classificá-las como comportamentos que resultam de experiências – em outras palavras, tudo o que a criança viveu até então determinará como ela se portará socialmente.
Isso leva em conta:
- O jeito de interagir com as pessoas
- A forma de expressar suas vontades, sentimentos e pontos de vista
- O modo de exercer suas habilidades acadêmicas
- A forma de fazer amizades
- O nível de empatia que desenvolve
- Seu comportamento em termos civis
- A forma de resolver problemas interpessoais
É importante ficar de olho em como estão estes pilares na rotina da criança: existe algum ponto que a deixa desconfortável em público, ou que dificulta sua empatia, por exemplo? Psicoterapeutas podem ajudar bastante nessa avaliação. 😉
Quais são os tipos de habilidades sociais?
Vamos entender mais a fundo sobre cada tipo de habilidade social:
Habilidades comunicativas
Aqui entra a capacidade de iniciar diálogos, responder ou fazer perguntas e comentários, como elogios, por exemplo.
Habilidades empáticas
Essa habilidade envolve o entendimento do que o outro pode sentir. Ou seja, se a criança consegue reconhecer o sentimento de outras pessoas em situações em que ela está envolvida ou não.
Habilidades civis
Aqui entra a etiqueta e a cordialidade. São os famosos “bom dia”, “obrigada”, “por favor”, “desculpa”, “com licença” que tanto ajudam na comunicação e convivência social.
Habilidades assertivas
Essas habilidades são referentes à forma como a criança se manifesta e à postura que adquire em situações, se tem coerência e clareza.
Habilidades de sentimento positivo
Aqui entra a capacidade de criar vínculos interpessoais, como amizades, e também a forma como a criança se relaciona com as pessoas no geral.
Habilidades de trabalho
Ok, é muito cedo para pensar na vida profissional, mas algumas habilidades que fazem diferença lá na frente já podem ser cultivadas desde cedo. Além disso, elas ajudam no desempenho escolar.
Aqui entram as habilidades de trabalhar em equipe, falar em público, tomar decisões, pensar soluções, e por aí vai. A gente aprende na infância e desenvolve pela vida toda.
Como essas habilidades sociais se manifestam na infância?
As habilidades sociais na infância podem se manifestar de forma sutil ou não, mas todas elas são importantes para a formação de amizades, o desenvolvimento da personalidade, a tomada de decisões, entre outros aspectos.
Por exemplo, as habilidades de trabalho ajudam a criança a identificar seus interesses, aptidões e escolher uma carreira profissional no futuro.
Vamos entender a forma que essas habilidades sociais aparecem na infância!
“Eu quero brincar sozinho!”
Você sabia que a capacidade de dividir é considerada uma habilidade social em crianças?
É claro que, em alguns momentos, a criança pode preferir brincar sozinha, e está tudo certo! Afinal de contas, assim como nós adultos precisamos de um tempo com nós mesmos, as crianças também.
Por isso, é importante sugerir a divisão e não obrigar. Incentivar que a criança exerça algumas atividades sozinha é uma forma de fomentar sua individualidade. Isso não é sinônimo de egoísmo!
Um bom exercício para desenvolver essa habilidade é dividir a comida. Que tal incentivar a criança a oferecer, de vez em quando, um pedaço do lanchinho aos colegas?
“Tive uma ideia, mamãe!”
Seu filho consegue comunicar uma ideia de forma brilhante – ou, pelo menos, de forma convincente – a outra pessoa que não seja você?
É aí que entra a habilidade comunicativa, a mais essencial de toda a nossa vida. Desde a era nômade, nossos antepassados precisaram criar um código em comum para se entenderem. Isso mostra que comunicação é um pilar da sobrevivência – usamos para tudo mesmo.
Esse é um ponto que vale a atenção. Inclusive, alguns dos profissionais que podem ajudar na desenvoltura da comunicação são os fonoaudiólogos e os psicólogos.
Leia também: Falar na escola: “Com 2 anos, meu filho ainda não falava”
“Não é pra matar a formiguinha!”
Conhece essa frase de algum lugar? Ou provavelmente já ouviu alguma criança chorar por motivos parecidos? Bem, a razão está nesta palavrinha aqui: empatia.
Quando a criança entende possíveis dores que não partem de si mesma, é sinal de que está desenvolvendo a empatia. Outro ponto primordial para uma boa convivência em sociedade!
“Tô muito feliz! Obrigada”
Essa habilidade é uma cordialidade: a gratidão! Alguns acreditam que seja a famosa “educação básica”, mas dizer “obrigada” não expressa, necessariamente, a gratidão de fato.
Estar ou ser grato é um sentimento e, além de fazer um bem danado a quem expressa, faz bem para quem é reconhecido – pelo que for. É legal falar com a criança sobre o verdadeiro significado de um “obrigado” – e, claro, abordar o sentido cordial também.
“Se você não gostou, não faço mais”
Aquilo que todo mundo busca: o respeito – mais uma habilidade social que é desenvolvida na infância. O respeito se mistura também com a empatia, que é a capacidade de entender o que o outro pode sentir com algum ato vindo de nós.
É um valor mútuo, que ajuda as crianças a entenderem se o que ela faz com os outros, ou o que fazem com ela, é certo ou errado. Principalmente na fase da infância, quando acontece a maior incidência de casos de bullying, essa habilidade se mostra essencial.
Qual é a influência da escola nas habilidades sociais das crianças?
A escola é o início da vida acadêmica e social de uma criança. É o primeiro contato dela com o conceito de “viver e aprender em sociedade”, se tornando um grande aliado no processo de desenvolvimento social.
É onde elas vão se comunicar com pessoas diferentes de suas “bolhas” e conhecer outras realidades. Passos importantes para colocar em prática a empatia e o respeito, por exemplo.
No entanto, a tendência de uma criança é repetir comportamentos e, principalmente, se espelhar em quem admira.
Por isso, é importante sempre observar como ela manifesta essas habilidades e manter uma conversa em paralelo, sempre educando de forma leve sobre os melhores caminhos a se seguir.
Qual é a influência da escola nas habilidades sociais das crianças?
A escola é o início da vida acadêmica e social de uma criança. É o primeiro contato dela com o conceito de “viver e aprender em sociedade”, se tornando um grande aliado no processo de desenvolvimento social.
É onde elas vão se comunicar com pessoas diferentes de suas “bolhas” e conhecer outras realidades. Passos importantes para colocar em prática a empatia e o respeito, por exemplo.
No entanto, a tendência de uma criança é repetir comportamentos e, principalmente, se espelhar em quem admira.
Por isso, é importante sempre observar como ela manifesta essas habilidades e manter uma conversa em paralelo, sempre educando de forma leve sobre os melhores caminhos a se seguir.
Habilidades sociais e autismo: entenda as particularidades
Algumas pessoas com TEA (Transtorno do Espectro de Autismo) podem apresentar dificuldades em manifestar suas habilidades sociais. Isso inclui comportamentos simples, como contato visual, a compreensão de gestos e outras comunicações não verbais e responder quando são chamados.
Essa dificuldade vai depender muito do nível do TEA. Mas, ainda sim, existem algumas formas de estimular esse aprendizado, como:
- Estimular as emoções através do uso de imagens e fotos, pedindo para a criança descrever o que a pessoa está sentindo, depois de observar sua feição
- Propor atividades em grupo, para incentivar a interação com outros colegas
- Apresentar a tecnologia à criança – de forma monitorada –, já que alguns jogos podem estimular a lógica, o lado visual e até a comunicação
- Contar e ler histórias como forma de acostumar a criança às regras e cordialidades sociais.
Além do mais, vale destacar que os profissionais que podem ajudar a criança com TEA a desenvolver suas habilidades sociais são os neurologistas, psiquiatras e psicólogos.
7 dicas para estimular as habilidades sociais na infância
- Estimular a interação social, propondo encontros entre os amiguinhos, como uma noite de filmes, ou festa do pijama, por exemplo.
- Dedicar um tempo para ouvir seu filho: crianças sempre têm o que nos contar! E isso mostra que entre vocês há um diálogo aberto e de confiança.
- Reconheça as conquistas da criança. Além de ajudar na autoestima, é um exemplo na prática do exercício de gratidão – uma das habilidades sociais das crianças.
- Pontue quando necessário o que não está legal e pode ser melhorado – levando em conta o que observou das habilidades sociais da criança.
- Em determinadas situações, incentive que a criança se coloque no lugar do outro: “Mas, filho, e se fosse com você? Como você se sentiria? E o que pode fazer no seu lugar?”. É um bom exercício para desenvolver empatia.
- Incentive a autoanálise: é importante que a própria criança reconheça seus atos nesse processo de desenvolvimento.
- Estimule a vontade por atividades em equipe, como jogos – online ou não – para fomentar o lado social da criança.
Habilidades sociais na infância: como se adaptar às que surgem?
As habilidades sociais podem ser ensinadas e adquiridas. Além do mais, ser considerado “socialmente habilidoso” é algo mutável, já que os costumes, tendências e acontecimentos estão em constante mudança.
Sendo assim, é preciso acompanhar o mundo para entender o que significa ser alguém socialmente habilidoso no determinado momento. Mas, em certos casos, é importante observar o porquê o desenvolvimento da habilidade não acontece.
Ah, e lembre-se: as crianças se espelham nos nossos comportamentos, por isso, vale exercitar essas habilidades sociais também! 😉
Pode até parecer que as habilidades sociais nascem naturalmente, mas na verdade elas têm muito a ver com a educação emocional.
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