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Redes sociais: é possível controlar a internet das crianças?

Samara Felippo SF
sex, 04/11/2022 - 10:00
Samara Felippo com as suas duas filhas estão em uma sala. Samara está sentanda em um poltorna com o notebook no colo enquanto suas filhas estão puxando os braços da mãe para levantá-la

Quem tem filhos sabe como é desafiador tentar manter as crianças afastadas das telas por muito tempo. Aparelhos eletrônicos, internet e redes sociais acabam, sim, fazendo parte do dia das crianças, e aprender a dosar é uma questão diária.

Há dados que indicam essa nova realidade. Um estudo feito nos EUA aponta que o uso da internet e redes sociais por crianças de até 8 anos aumentou 17% nos últimos 2 anos.

O uso diário entre os pré-adolescentes, de 8 a 12 anos, passou de 4 horas e 44 minutos para 5 horas e 33 minutos. Já entre os adolescentes, de 13 a 18 anos, o uso passou de 7 horas e 22 minutos para 8 horas e 39 minutos.

A pandemia foi um dos fatores determinantes para que esses números aumentassem de maneira tão alarmante, em conjunto com a falta de supervisão de responsáveis.

Como controlar isso? É possível? Existe controle? Como proteger as crianças nesse tipo de situação? Muitos acreditam que não há o que discutir e a proibição é o melhor caminho. É sobre isso que venho refletir com vocês neste texto.

Utilização da internet e redes sociais: aliadas ou adversárias dentro de casa?

Tenho 2 filhas, como vocês já sabem: uma de 13 anos e uma de 9 anos, e ambas utilizam as redes sociais por muito tempo, não vou ser hipócrita. Sofro a cada instante por muitas vezes ser permissiva.

Aquele “só um pouquinho” muitas vezes se torna uma tarde inteira ou boa parte da noite com elas na internet. Dessa forma, consigo terminar uma tarefa, participar de uma reunião, fazer o jantar, ou ter um momento de paz dentro da maternidade. Mesmo que isso faça eu me sentir culpada.

Não tenho mais forças para lutar contra e nem acho necessário: elas nasceram nessa época. A era do Instagram, Facebook, Twitter, TikTok, YouTube, Snapchat, entre outros. E, na minha visão, não tem como afastá-las dessas tendências.

Hoje em dia, as redes sociais muitas vezes são usadas em sala de aula, como uma forma rápida e prática de interagir e aprender. As crianças também exercitam sua autonomia e criatividade enquanto dialogam com o mundo lá fora e, vendo ainda por uma ótica positiva, são encorajadas a dar opinião, divulgar trabalhos e expressar seus gostos. Também existem ferramentas de orientação sobre economia e política de forma leve e informativa.

Autonomia para utilizar as redes sociais

Quando as crianças tomam consciência das redes sociais e descobrem o que podem fazer nelas, já querem criar suas contas. Por aqui, eu tentei segurar o máximo que pude. Fiz um combinado com as duas, de que elas teriam um celular só delas aos 10 anos. E ainda assim acho precoce: quando eu aos 10 anos cogitaria ter acesso ao mundo de maneira ilimitada? Assim foi com Alícia e assim está sendo com Lara, que só completará a idade estabelecida em 2023, mas insistentemente me pede um celular antes do tempo.

Ainda não permito redes abertas e tento estar sempre atenta, mais ao conteúdo visualizado do que ao tempo gasto por elas na internet. Nesse sentido, é mais importante para mim ficar de olho no que elas acompanham.

O ideal seria conciliar quantidade de tempo com conteúdo? Óbvio, seria o melhor dos mundos. Mas, carregada de culpa, deixo mais do que gostaria, como disse. Alicia, de 13, está na fase Pinterest, fotos conceito, Snapchat (que voltou com tudo entre os adolescentes), calls entre amigos, uma nova febre dos app chamado Be Real e TikTok, claro.

E, como elas vão para o pai nas férias e feriados, pra mim é bom estar em contato com elas pelo WhatsApp.

Orientar esse uso das redes sociais é preciso

Com Alicia, tive acesso a conversas mais adultas antes do que eu imaginava, por conta do conteúdo que acabou chegando pra ela. Nesse momento, é preciso optar pelo diálogo, por falar a verdade e esclarecer dúvidas.

A Alicia gosta de dormir com o celular ao lado e diz que é por conta do despertador – e eu finjo que acredito, rs. Tento dar autonomia, mas também explico que o uso excessivo da tela, seja navegando pela internet ou nas redes sociais, faz mal. Explico que está comprovado cientificamente que causa insônia, problemas de visão, mal-estar, depressão, entre outros. Além disso, explico que confio nela para que use as redes com sabedoria, algo que não acontece com a Lara.

Mesmo conversando, avisando, mostrando caminhos, me peguei numa situação assustadora. Lara agora está na fase vídeos de CapCut, YouTube e um jogo interativo chamado Roblox.

Confesso também que prefiro que ela fique mais tempo interagindo com os amigos e jogando online do que passando vídeos aleatoriamente (mesmo com controle parental) nos aplicativos da moda.

Mesmo assim, achando que estava segura e tentando uma supervisão na medida do meu possível, olhando o conteúdo de tudo, outro dia identifiquei o início de uma conversa com um estranho num chat dentro do próprio Roblox.

Eu tinha fechado o chat nesse jogo, mas descobri que existe um “Chat Room” e que este estava aberto. Eu não tinha conhecimento disso, e descobri que outro jogo popular entre jovens recentemente gerou problemas com a exposição a conteúdo explícito.

Por sorte, eu estava ao lado dela – sempre fico dando uma espiada e vi esse movimento estranho. O papo não tinha se desenvolvido, peguei bem no começo e tomada de desespero, desnorteada e decepcionada com ela, sem nem pensar direito, fechei o chat e deletei o jogo do iPad.

Me arrependo porque, se eu tivesse continuado a conversa no lugar dela, talvez pegasse algo.

É preciso ter atenção com as conversas

Aqui, chamo a atenção de todos vocês que lidam com crianças e redes sociais, para que não se descuidem. Fiquei arrasada. Tantas conversas, tanto alerta de como é perigoso falar com estranhos, de que qualquer pessoa pode estar por trás daquela tela, de que podem arrancar informações e até coisas piores.

Perguntei mil vezes: “Filha, mas por quê? Conversamos tanto. Você é tão esperta pra cometer um erro assim.” E, aqui, agradeço por ter pego a conversa num momento em que nada mais grave tinha ocorrido.

Ela chorou muito e desabafou comigo com toda a sinceridade: “Mamãe, eu sei, eu sei de tudo, eu sei que é errado, mas fiquei curiosa e acabei respondendo. Foi mais forte que eu.”

Conversando com amigas, entendi que é comum as crianças se acharem importantes e terem autonomia fazendo amigos online, conhecendo pessoas novas. Eu não peguei as redes sociais na minha infância, mas lembro que, mesmo aos 16 anos, adorava conhecer gente nas salas de bate-papo.

No final das contas, ficou uma grande lição pra gente. Ela prometeu que não fará novamente, que se algo parecido acontecer de novo ela me chamará ou avisará o adulto responsável por perto.

Contudo, é preciso redobrar minha atenção, seguir confiando na minha filha e torcendo para que esta tenha sido a única vez.

Um erro que gerou alertas e aprendizados para o resto da vida

Crianças que estão nas redes sociais podem passar por situações de constrangimento e bullying, por exemplo. Isso sem contar com conteúdo adulto, imagens de automutilação, estímulos a uma alimentação pouco saudável e reprodução de brincadeiras que podem ser bastante nocivas.

Nas minhas andanças procurando me informar, encontrei na internet algumas dicas de como pode ser a abordagem com nossos filhos. Estou aprendendo assim como vocês:

  • Diga ao seu filho para não divulgar dados pessoais.
  • Controle o tempo que ele passa nas redes sociais e na internet e, acima de tudo, o conteúdo.
  • Explique que alguns sites e chats podem ser perigosos.
  • Promova o diálogo em sua família para que as crianças se sintam confortáveis para avisar se houver qualquer problema.
  • Tire um tempo para assistir ao que seu filho gosta com ele. Mostre-se interessado e o oriente.

Em um mundo cada vez mais conectado e dependente da internet, é importante proteger e orientar nossas crianças e adolescentes, nas redes sociais e fora delas.

Além da preocupação com a segurança das crianças nas redes, é importante saber sobre a interferência delas no aprendizado.

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