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Ninhos do Brasil + Carochinha Editora: Ninhos do Brasil se uniu à Carochinha Editora, selecionando histórias que auxiliam nas questões enfrentadas em diferentes fases. Confira!

Troca de letras na infância: quando buscar ajuda?

Ninhos do Brasil NB
seg, 26/12/2022 - 10:00
Um menino está escrevendo em um bloco de folhas alguns nomes, como “Fabio”. Na mesa estão espalhados lápis de cor de diversas cores. A foto está ligada ao tema Troca de letras na infância.

Você certamente já presenciou troca de letras ouvindo uma criança pequena pedir algo para a mãe sem que você entendesse uma palavra sequer. E a mãe a atendeu prontamente, sem dúvidas, não é mesmo?

Além disso, é inegável que crianças em processo de alfabetização são fofas demais. Ver as primeiras “assinaturas”, receber cartinhas de declaração, se comunicar através de bilhetes pela casa...

Claro que no começo elas cometem alguns deslizes. Algumas letras de cabeça pra baixo, umas letras a mais, outras faltando, um P no lugar do B... E tudo bem! Faz parte do processo de aprendizado.

É normal a criança trocar letras?

Se você tem uma criança de até 4 anos que confunde as letras ou até inverte palavras, não precisa se preocupar. A troca de letras na fala é normal nessa idade e não exige maior atenção.

No entanto, caso você repare que ela segue cometendo os mesmos deslizes com o passar do tempo, é bom ficar de olho.

Da mesma forma, é normal que crianças na fase da alfabetização troquem letras na escrita. Mas isso deve ir diminuindo de acordo com o contato da criança com as normas gramaticais, até normalizar completamente.

Quais são as trocas de letras mais comuns de acordo com a idade?

A troca de letras na fala é muito comum na infância, mas devemos nos atentar quando ela ultrapassa a idade em que é esperada. Veja as trocas de letras comuns à cada faixa etária:

  • 18 meses – b, m
  • 2 anos – p, t, d, n
  • 2 anos e meio – k, g, nh
  • 3 anos – f, v, s, z
  • 3 anos e meio – x­–ch, j–ge/gi
  • 4 anos – l, lh, r, rr, s/r intermediários, encontros consonantais

Aos 5 anos já é esperado que a criança tenha se desenvolvido completamente e não confunda mais os sons.

Troca de letras na infância: quando levar na fonoaudióloga? 

Às vezes, a troca de letras se dá por problemas na audição. Por isso, é importante ficar atento aos sinais que a criança pode dar de que não ouve perfeitamente. Otites de repetição, por exemplo, podem afetar o sistema auditivo e a compreensão das palavras.

Outros sinais que indicam que pode haver necessidade de tratamento profissional são sintomas como atraso na fala e alterações de linguagem. Além disso, é bom ficar atento caso a criança apresente dificuldades com tarefas que incluam símbolos gráficos em geral ou de memorizar sequências de palavras ou lembretes.

O que causa a troca de letras na fala e na escrita?

As causas para a troca de letras na fala ou na escrita são diversas. Alterações genéticas, otites de repetição e outros distúrbios no sistema auditivo são algumas delas. 

Outros motivos para a troca de letras são os transtornos de aprendizagem, percebidos quando a criança apresenta dificuldade com a leitura, a escrita ou a matemática, por exemplo.

É importante ressaltar que esses transtornos exigem diagnóstico sério, feito por profissionais qualificados, a partir de uma série de testes. Alguns fatores devem ser levados em conta nesse processo. 

  • Como é o ambiente familiar ao qual essa criança está exposta
  • Qual é o ambiente escolar em que a criança está inserida
  • Qual é o método pedagógico da escola que a criança frequenta

Ou seja, o ambiente social da criança como um todo é analisado nesse momento. Se falamos com a criança como se ela fosse bebê, faz sentido que ela fale como um bebê. Se ela tem problemas de socialização, pode ficar insegura ao falar – e aprender. Se ela não tem compatibilidade com o método pedagógico utilizado, mudá-lo pode ser suficiente.

O segundo passo é avaliar possíveis mudanças nesse cenário. E se o problema persistir depois delas, ou não estiver relacionado a nada externo, é considerada a probabilidade de um transtorno.

Existem três principais transtornos que podem causar trocas de letras.

Dislexia: transtorno de leitura

A dislexia afeta principalmente a leitura, porque as crianças com esse transtorno encontram dificuldade de relacionar as letras a seus respectivos sons. Como elas não conseguem compreender adequadamente os textos, podem demorar mais para aprender a ler e a escrever.

A criança com dislexia pode trocar letras graficamente semelhantes, como o m pelo n, ou letras que não se parecem, como o v pelo f.

E isso nada tem a ver com o nível de inteligência. A pessoa com dislexia pode ser muito inteligente, mas não evoluir nessas áreas, porque o cérebro dela não decodifica as letras da mesma maneira.

Dessa forma, não há uma cura para a dislexia – e nem precisa haver. O que há é um esforço de adaptação de conteúdos e métodos de ensino e aprendizagem.

Disortografia: transtorno de escrita

A disortografia, por sua vez, afeta especificamente a habilidade da escrita. Isso significa que a criança com esse transtorno não terá dificuldades com a leitura, mas com o aprendizado das normas gramaticais.

Nesse caso, percebe-se não só a troca de letras: pode haver também problemas como a omissão, a adição ou a inversão delas. Ao contrário da criança com dislexia, a criança com disortografia confunde apenas letras com sons parecidos, como o p pelo b, ou o ch pelo x.

Aqui o importante também é levar em conta que essas trocas aconteçam em um estágio mais avançado de escolaridade. Ou seja, quando os erros são comuns mesmo depois de a criança já ter sido apresentada às normas.

Dislalia: distúrbio da fala

A dislalia é a dificuldade de articular as palavras. Isso acontece por uma pronúncia inadequada, com a omissão, substituição ou deformação dos fonemas ou sílabas. Há diversos tipos de dislalia, e elas podem ser orgânicas ou funcionais.

As dislalias orgânicas são resultado de malformações ou alterações físicas em órgãos que sejam envolvidos na fala. Elas podem ser percebidas em casos de lesões desses órgãos ou de malformação congênita, como é o caso do lábio leporino. É possível ainda que elas tenham relação com alterações no sistema nervoso central.

As dislalias funcionais podem ser hereditárias, de fundo emocional ou resultado de imitações. Elas podem estar associadas a outros transtornos, como atrasos cognitivos ou TDAH, por exemplo.

Como lidar com a troca de letras infantil?

  • Tem alguns cuidados que você pode tomar em casa, ao perceber que sua criança troca de letras ao falar:
  • Articule bem as palavras para que a criança entenda todos os fonemas envolvidos.
  • Se perceber uma palavra dita errada, seja carinhoso ao corrigi-la, evitando constrangimentos.
  • Repita a frase, pronunciando corretamente a palavra em questão.
  • Incentive a criança a falar em diferentes oportunidades.
  • Fique atento a dificuldades de ouvir os outros e a casos de otite frequentes e consulte o pediatra.

Caso sua criança seja diagnosticada com algum transtorno, é hora de pensar no tratamento. 

O fonoaudiólogo vai avaliar individualmente o caso, identificar quais são as causas do transtorno e indicar o melhor tratamento. Esse processo costuma incluir uma equipe multidisciplinar, com profissionais especializados para o devido acompanhamento.

6 atividades para melhorar a troca de letras

Que tal criar um momento de jogos em família? Inclua algumas atividades que podem auxiliar a criança a aprender a grafia correta das palavras e contribuem com a memória.

É essencial que esse trabalho seja feito em conjunto com os profissionais que acompanham a criança, então vale lembrar de comunicar qualquer atividade.

Alguns exemplos de atividades para troca de letras são:

Caça-palavras

Palavras perdidas entre letras soltas, organizadas na horizontal, vertical e até na diagonal – dependendo da complexidade do jogo. Caça-palavras são ótimos para as crianças aprenderem a identificar palavras e a quebrá-las em pedaços menores: sílabas e letras.

Pescaria de letras

Dentro de um balde com água, a criança pesca letras avulsas em EVA. Ela então fala o nome da letra e reproduz seu som, podendo até formar palavras com as pescadas anteriormente.

Palavras-cruzadas

Você é do tempo em que abria o jornal direto nas palavras-cruzadas? Ou comprava revistinhas cheias delas para passar o tempo?

Esse jogo não é só uma ótima forma de passar dias preguiçosos, ele também ajuda na memória e na construção de vocabulário.

Forca

Letra A! Agora letra E! Nada ainda? Cuidado para não mandar o bonequinho para a forca!

Jogando forca a criança pensa nas palavras a partir das letras, uma a uma. Isso a ajuda na compreensão de como as palavras são compostas.

Ditados

Você dita uma palavra e a criança escreve em um papel. Parece simples, né? No entanto, para crianças que trocam as letras, essa atividade pode ser bem frustrante.

Por isso, é importante ter em mente que essa é a hora de ajudar o pequeno a aprender e fixar as formas ortográficas corretas, não de avaliar seu desempenho. Fique atento a qualquer evolução, mesmo que pareça pequena, e celebre os acertos.

Troca-letras

“E se eu tirar o b de bala e trocar por um m, o que acontece?” Nesse jogo, você e sua criança se divertem criando palavras a partir de trocas de letras propositais. Assim, você ajuda a identificar qual é a diferença entre essas letras de forma palpável.

A comunicação é sempre possível

A comunicação é parte essencial da vida em sociedade. E, por mais que seja constituída de aspectos compartilhados, não é segredo que cada um tem seu jeitinho próprio de se comunicar.

Adaptações podem ser necessárias, às vezes por parte do indivíduo, às vezes por parte do entorno. Mas com uns ajustes aqui, outros ali, todo mundo se entende, não é mesmo?

Feito com carinho por:

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